terça-feira, 31 de janeiro de 2017

VOLTA ÀS AULAS!





SEGREDOS ESCONDIDOS PELO GOVERNO

A bomba atômica do Brasil - e outros cinco segredos que o governo tentou esconder

Da Guerra do Paraguai à morte de JK: uma história secreta com os 'podres' do país



Neste momento particularmente conturbado da história do Brasil, quando o país lava as roupas em público, é uma boa hora para lembrar que às vezes conspirações são mais que teorias e que o Estado tentou varrer para debaixo do tapete alguns momentos sórdidos da história da nação. Entre elas, um programa nuclear clandestino, o assassinato de um ex-presidente no regime militar (ou seriam dois?) e campos de concentração.
O trabalho das Comissões da Verdade, a liberação de documentos classificados e até o Wikileaks vêm jogando novas luzes sobre aquilo que imaginávamos saber. Para pesquisadores e historiadores, porém, muita coisa ainda está oculta. 
A sonegação de informações oficiais vem de longe. Começou já na "certidão de nascimento" do país - a carta de Pero Vaz de Caminha (ao que parece, herdamos o hábito dos portugueses). "O rei de Portugal, dom Manuel 1º, demorou um ano para comunicar a descoberta oficial do Brasil ao sogro, o rei da Espanha", conta o jornalista e escritor Laurentino Gomes  "E a carta de Caminha, que dava detalhes do evento, ficou escondida na Torre do Tombo, em Lisboa, até 1773."

1 • A bomba atômica dos militaresNossas Forças Armadas tentaram desenvolver armas nucleares, talvez com uma mãozinha de Saddam Hussein
Em 1990, o presidente Fernando Collor jogou uma simbólica pá de cal num poço de 320 m para testes nucleares na serra do Cachimbo, no Pará. "A suspeita é que ele teria sido construído com recursos do Iraque de Saddam Hussein para abrigar testes do programa iraquiano. E os dados seriam cedidos ao Brasil", diz o jornalista Roberto Godoy, especialista em assuntos de defesa. O poço é só um pedaço de uma série de operações clandestinas, iniciadas no governo Ernesto Geisel, para garantir ao Brasil a tecnologia necessária para fabricar a bomba atômica (e ogivas para mísseis nucleares).
Na prática, sobretudo a partir do início da década seguinte, o governo manteve dois programas nucleares: o oficial, com fins pacíficos, e o paralelo e sigiloso. Sempre houve facções do regime que defendiam que a única maneira de o Brasil ser respeitado no mundo seria ter a bomba. O Iraque virou uma peça curiosa nesse enredo, que sobreviveu ao fim da ditadura. Entre 1979 e 1990, o Brasil exportou toneladas de urânio (a matéria-prima do combustível das bombas) para Saddam. O roteiro nebuloso inclui espionagem e suborno de técnicos e autoridades estrangeiras, entre outras manobras, que até alimentaram uma CPI sobre o tema. A Constituição de 1988 havia proibido o país de usar a tecnologia nuclear para fins bélicos, mas o "esforço paralelo" dos militares sobreviveu até 1990, segundo confirmou mais tarde José Carlos Santana, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear no governo Collor. Quando o CNEM do B deixou de funcionar, o país estaria prestes a fazer o primeiro teste.
"Em dezembro de 1996, a PF prendeu um alemão que vendera conhecimentos ao Brasil depois de tentativas frustradas junto ao Iraque", diz Tânia Malheiros, autora de Brasil: A Bomba Oculta - O Programa Nuclear Brasileiro. Para ela, é só uma amostra de que "há muita coisa a ser explicada". Hoje o Brasil domina o ciclo de produção do combustível nuclear e está construindo seu primeiro submarino com propulsão atômica. A revelação de detalhes estratégicos sobre essa tecnologia e os bastidores espúrios do programa nuclear estariam no topo das preocupações de quem, no governo Dilma, insiste em manter o sigilo eterno.

2 • Ditadura pode ter matado JK, Jango e Lacerda Com a colaboração de outras ditaduras, militares teriam dado cabo a ex-presidentes e um ex-governador de oposição
Em dezembro de 2013, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo publicou um relatório que afirma com todas as letras: o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura militar. Até então, a versão oficial era a de que ele tinha morrido em um acidente de carro na Via Dutra, aos 73 anos, em 22 de agosto de 1976. 
Entre os 90 indícios levantados pela comissão está o depoimento do perito Antônio Carlos de Minas, que garante ter visto um buraco de bala no crânio exumado do motorista do ex-presidente. Josias Nunes Oliveira, condutor do ônibus que teria fechado o automóvel, diz ter recusado a oferta de "uma mala de dinheiro" para assumir a culpa no desastre. Em 1996, com o país havia anos livre do regime militar, uma investigação tentou esclarecer as circunstâncias da morte de JK e, na ocasião, o mesmo perito teria tido acesso ao crânio do motorista e concordado com a versão da ditadura. Por quê?
Há perguntas não respondidas a respeito das mortes de Carlos Lacerda e João Goulart, que com JK formaram a Frente Ampla para o combate à ditadura. Seria apenas coincidência que os três tenham morrido em menos de um ano? Jango, o presidente deposto em 1964, de ataque cardíaco em dezembro de 1976, na Argentina. Lacerda, ex-governador do estado da Guanabara, que apoiou a ditadura para depois mudar de lado, de uma infecção cardíaca em maio de 1977.
A Comissão Nacional da Verdade exumou o corpo de João Goulart no mesmo ano. A suspeita é que ele tivesse sido envenenado na Argentina, vítima da Operação Condor, uma ação de extermínio de opositores orquestrada entre as ditaduras do Cone Sul. No final de 2014, os resultados saíram e, foram inconclusivos. O ex-agente uruguaio Mário Neira Barreiro diz que a ordem para matar Jango veio da presidência brasileira. Ele cumpre pena no Rio Grande do Sul por roubo e posse ilegal de arma.
Em 2014, a mesma Comissão Nacional da Verdade rejeitou a versão da Comissão da Verdade de São Paulo e disse que a versão oficial do tempo da ditadura está correta e JK não foi assassinado. Os mistérios se acumulam...

3 • Brasil, o vilão da Guerra do ParaguaiPaís promoveu uma carnificina graiuita
As versões e lendas que passaram a cercar a Guerra do Paraguai, 141 anos depois do fim do maior conflito armado da América do Sul, são tenebrosas: guerra bacteriológica, extermínio de crianças, degola de prisioneiros e o incêndio criminoso de um hospital cheio de feridos. Por mais de um século, o episódio recebeu tratamento triunfal. A historiografia nacional destacava as batalhas vencidas pelos brasileiros e exaltou personagens e feitos heroicos. Até que, na década de 1970, os chamados "revisionistas" - como Julio Chiavenato, autor de Genocídio Americano - A Guerra do Paraguai - jogaram acusações como as do início deste texto no ventilador. Para eles, o governo brasileiro tentou (e ainda tenta) esconder seu verdadeiro papel no conflito: ode vilão.
Chiavenato diz que o duque de Caxias, o comandante brasileiro, teria jogado cadáveres no rio Paraná para contaminar a água. "O general Mitre (Bartolomeu Mitre, presidente argentino) está de acordo comigo que os cadáveres de coléricos devem ser jogados nas águas do rio Paraná para levar o contágio às populações ribeirinhas", teria escrito Caxias ao imperador dom Pedro 2º. Na prática, era um ataque bacteriológico, usando cadáveres de veículo para micro-organismos letais.
Não que essa versão tenha virado unanimidade. "O documento, de autoria desconhecida e evidentemente forjado, não tem valor histórico algum. Aliás, a versão também não tem lógica, já que o Paraná deságua no rio Paraguai e o rio não sobe - assim, não seria possível contaminar ninguém", contesta o historiador Francisco Doratioto, autor de Maldita Guerra.
Outra "bomba" que surgiu na onda revisionista foi o extermínio de crianças nas batalhas de Peribebuí e Acosta Ñu, em 1869. Na primeira, cerca de 21 mil aliados brasileiros e argentinos enfrentaram 1,8 mil paraguaios, a maior parte crianças disfarçadas com barbas postiças para que o inimigo não percebesse a fragilidade do exército. Os poucos adultos usaram tijolos, cacos de vidro e pedras contra canhões. Na batalha de Acosta Ñu (Campo Grande, para os brasileiros), a tática de disfarçar garotos de adultos também acabou em massacre. Placar de mortes: 2 mil paraguaios x 26 brasileiros.
Diferentemente do que o senso comum imagina, o Brasil estimulou a sobrevivência do Paraguai como nação independente - ao contrário da Argentina, que gostaria de absorvê-lo. Depois que acabou a guerra, por muito pouco Brasil e Argentina, aliados no conflito, não começaram outra. Isso só não aconteceu porque ambos estavam esgotados. Documentos quepoderiam mostrar com mais clareza o papel do Brasil no campo de batalhas estariam escondidos no Itamaraty, com acesso proibido aos pesquisadores.

4 • Rui Barbosa "apagou" a escravidão
Grande queima de arquivo foi ordenada pela Águia de Haia
"O Congresso Nacional felicita o Governo Provisório por ter ordenado a eliminação nos arquivos nacionais dos vestígios da escravatura no Brasil." Com essa mensagem, era aprovada em dezembro de 1890 a decisão do ministro da fazenda, Rui Barbosa, de queimar todos os livros de registros dos cartórios municipais com dados relativos à compra, venda e transferência de escravos no país. A papelada foi destruída em 13 de maio de 1891.
A hipótese mais aceita é a de que a intenção era evitar que o Tesouro Nacional fosse obrigado a indenizar os donos de escravos afetados pela Lei Áurea, de 1888. "Os senhores de engenho, fazendeiros e grandes proprietários pensavam em se beneficiar com a República e com as indenizações", acredita Humberto Fernandes Machado, da Universidade Federal Fluminense. Para ele, uma república recém-estabelecida por um golpe militar, com o apoio de antigos senhores de escravos, poderia ter tomado rumo diferente (pior) se os documentos existissem. "A queima anulou essa possibilidade."
Mas essa moeda tem outro lado. "Se tivessem o registro de sua data de compra, os negros também poderiam reivindicar uma recompensa por terem sido escravizados ilegalmente", acredita Marisa Saenz Leme, da Unesp de Franca. Ela apoia seu argumento em uma lei promulgada em 7 de novembro de 1831 que proibia o tráfico negreiro. A ordem não foi cumprida - nos 15 anos seguintes, pelo menos 300 mil africanos foram trazidos. Em tese, eles poderiam ser beneficiados por indenizações. Evidência disso é que, em 2006, foi encontrada uma carta da princesa Isabel ao visconde de Santa Vitória, sócio do Banco Mauá. Nela estava descrita a intenção de indenizar os ex-escravos com terras e instrumentos de trabalho.

5 • Roubamos o Acre
De coordenadas geográficas de mentira à "troca por um cavalo": as tramas e falcatruas na compra do estado
Nos primeiros anos da República, entrou em cena um capítulo controverso da demarcação de nossas fronteiras: a anexação do Acre. Na região, viviam diferentes grupos étnicos (nem brasileiros nem bolivianos). Pouco importava, para eles, quais eram os limites de Brasil, Bolívia e Peru. Para o governo brasileiro, a região era território boliviano.
"Euclides da Cunha foi feliz quando afirmou que, durante anos, o rio Purus foi cartografado fantasiosamente por geógrafos e burocratas que nunca puseram os pés na região. As absurdas coordenadas e linhas demarcatórias que daí surgiram deram margem para incompreensões sobre o que passaria a se chamar Questão do Acre", diz o historiador Gerson Albuquerque, da Universidade Federal do Acre. Para ele, tratados como o de Ayacucho (1867), que embasaram a demarcação das fronteiras entre Brasil e Bolívia, foram assinados às escuras - pautados por coordenadas fantasiosas. Esse abandono mudou quando se percebeu que os pneus da nascente indústria automobilística precisavam do látex acriano como matéria-prima. Seringueiros do Norte e Nordeste invadiram a região sem que os vizinhos notassem (ou reclamassem).
Quase 20 anos depois, Bolívia e Peru também cresceram os olhos para a borracha. Os bolivianos tentaram então arrendar o território para um consórcio de empresas de capital inglês e americano. E instalaram uma base militar na região para cobrar impostos sobre a circulação de mercadorias. Os barões da borracha, com o bolso ferido, se mobilizaram. "A Bolívia era pequena e muito mais frágil militarmente que o Brasil, a grande nação expansionista na região. Por isso, teve de ceder ao ‘acordo’ (o Tratado de Petrópolis, de 1903, que incorporou o Acre ao território brasileiro)", diz Albuquerque. Em 2006, o presidente da Bolívia, Evo Morales, reclamou que opaís "deu o Acre ao Brasil em troca de um cavalo". Na verdade, foi por 2 milhões de libras, ou 400 milhões de reais hoje. Pouco para uma área 3 vezes maior que a Suíça (152 mil km2). Mas o Brasil cedeu terras do Mato Grosso e se comprometeu a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré para transportar produtos bolivianos até o oceano Atlântico. A abertura da documentação ainda sob sigilo, para Albuquerque, poderá lançar outras luzes sobre versões românticas da história. "Temos o direito de conhecer as tramas e as sujeiras que marcaram a constituição das fronteiras." Um diplomata brasileiro, sob anonimato, afirma que até pessoas de outros países reclamam dos segredos brasileiros. "Existe muita suspeita, e a recente defesa do sigilo eterno fomenta isso."

6 • Vargas criou campos de concentraçãoDitador seguiu a cartilha nazista inclusive depois de romper com Hitler: alemães, italianos e japoneses sofreram em 31 campos espalhados pelo país.
Qual dos lados envolvidos na 2ª Guerra - os Aliados ou o Eixo - era mais caro ao presidente Getúlio Vargas? Na década de 1930, os alemães eram o segundo maior mercado consumidor de produtos brasileiros. Policiais e militares brasileiros treinaram com a Gestapo, e o governo entregou aos nazistas judeus alemães que moravam no Brasil. Em abril de 1942, uma passeata reuniu cerca de 2 mil nazistas uniformizados no centro de Florianópolis.
Pesa ainda a favor de seu possível pendor para o lado dos alemães e italianos a revelação, no fim dos anos 1980, do conteúdo das Circulares Secretas. Nelas, Vargas orientava diplomatas brasileiros na Europa a não conceder vistos de entrada para o Brasil a judeus e outras minorias "indesejadas". Segundo a historiadora Priscila Perazzo, a professora e pesquisadora Tucci Carneiro conseguiu burlar a vigilância nos arquivos do Itamaraty e fez cópias das Circulares, consideradas documentos secretos e, portanto, proibidas aos olhos dos cidadãos comuns. No fim dos anos 1990, novos documentos vieram a público.
"Vargas era um homem dos tempos do fascismo. Na década de 1930, essa era a ideologia dominante em muitos lugares. O Brasil não estava fora disso", diz Priscila. Ela avalia que o país acabou entrando na guerra ao lado dos aliados graças a um alinhamento comercial, político, cultural e diplomático com os EUA que vinha de anos - não foi um ato intempestivo para vingar o bombardeio de navios na costa brasileira por submarinos alemães. Eles queriam nos dar um susto para frear essa aproximação com os americanos. Nem foi uma retribuição interesseira pelo (muito) dinheiro americano investido na Companhia Siderúrgica Nacional - a versão mais popular para a decisão de Getúlio Vargas.
Em 1942, Getúlio rompeu com Hitler. Mas não com as práticas fascistas. A diferença é que agora elas se voltavam contra os alemães. É cada vez maior o volume de descobertas sobre os campos de concentração brasileiros e sobre os maus-tratos que civis japoneses, italianos e principalmente alemães sofreram no Brasil. Se não eram locais de tortura sistemática e extermínio em massa, como na Alemanha, também estavam longe de ser colônias de férias.
Até o fim da guerra, o Ministério da Justiça manteve 31 campos de concentração em lugares como Pindamonhangaba e Guaratinguetá (SP), Joinville (SC) e Rio de Janeiro. Para lá, eram mandados os "inimigos" que chegassem ao país durante o conflito ou que fossem suspeitos de espionagem. Não podiam ler livros em seu idioma, eram submetidos a trabalhos forçados na lavoura e muitas vezes dependiam de ajuda externa para não passar fome. Alguns, acusados de serem nazistas, só podiam receber visitas no dia de Natal - seus descendentes suspeitam que tenham sido torturados. Cerca de 5 mil pessoas foram confinadas nesses lugares. Mesmo assim, os nazistas conseguiram montar uma importante rede de espionagem no Brasil - o que era considerado um forte indício de que, se conquistasse a Europa, Hitler voltaria seus olhos para cá.

Olha a alegria da moçada!


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Saiba o que é Autismo e como lidar com ele.



Os Dis? Dislexia, disortografia, disgrafia e discalculia.





Transtornos de Aprendizagem


Volta as aulas....




LIÇÃO DE CASA!







Lápis Raro na Telelista.


ESCOLA DA VIDA

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DIA DA SAUDADE

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O Dia da Saudade é comemorado anualmente em 30 de Janeiro no Brasil.

Esta data serve para recordar a memória das pessoas que já partiram, os tempos bons que já passaram e as lembranças da infância.

No Dia da Saudade é comum ouvir música sobre a saudade e disseminar poemas e frases sobre esse sentimento.

"Saudade" é uma palavra extremamente complexa, cheia de significado e muito difícil de traduzir do português para outros idiomas, devido a sua precisão.

O léxico "saudade" é exclusivo da língua portuguesa e galega. Uma empresa britânica, que teve a colaboração de mais de mil tradutores, criou uma lista onde constam as palavras mais difíceis de traduzir em todo o mundo. A palavra "saudade" foi considerada a 7ª palavra mais difícil de se traduzir para outros idiomas.

A palavra saudade é de origem latina, do vocábulo "solitatem", que quer dizer “solidão”.

Mensagem para o Dia da Saudade

Saudade… Que sentimento mais contraditório! Tem dias que me faz sofrer, outros que faz rir, mas quase sempre me faz feliz, pois sei que sentir saudade é sinônimo de momentos maravilhosos que foram vividos!

A saudade que sinto por ti a cada dia aumenta e sinto que está cada vez mais insuportável! Espero voltar a te ver em breve, pois descobri que não consigo viver muito tempo sem você! Te amo!

Para outros lindos textos para o Dia da Saudade, aceda ao Mundo das Mensagens!

Poemas sobre a Saudade

Saudade

"Se queres compreender
O que é saudade
Terás que antes de tudo conhecer
Sentir o que é querer e o que é ternura
E ter por bem um grande amor viver
Então compreenderás
O que é saudade
Depois de ter vivido um grande amor

Saudade é solidão, melancolia,
É nostalgia, é recordar, viver

Se queres compreender
O que é saudade".

(Mario Palmeiro e Renato Teixeira)

Saudade

"Na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.

Via você no ontem, no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.

Que saudade..."

(Mario Quintana)

Saudade

"Eu amo tudo o que foi

Tudo o que já não é

A dor que já não me dói

A antiga e errônea fé

O ontem que a dor deixou

O que deixou alegria

Só porque foi e voou

E hoje é já outro dia."

(Fernando Pessoa).

VESTÍGIO DA INFÂNCIA

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Desenvolvimento afetivo – o processo de aprendizagem e o atraso escolar



Você sabia que os três fatores que levam o título deste artigo têm ligação? O desenvolvimento afetivo está vinculado ao processo de aprendizagem e ao atraso escolar; ou melhor, o atraso pode ser a consequência dos outros dois itens. Inicialmente, tal associação pode parecer difícil para quem não é da área da psicologia infantil, psicopedagogia, pedagogia e afins; no entanto, pais e educadores podem e devem saber do que se trata, pois sua presença é imprescindível como parte da intervenção ao problema.

O que está ligado ao atraso escolar?

O atraso escolar tem causas multifatoriais e pode estar ligado desde uma falta de adaptação ao ambiente ao que a criança está inserida até a um transtorno de aprendizagem. Contudo, o objetivo aqui é falar sobre a dificuldade pedagógica ligada ao desenvolvimento afetivo. Então, o ponto de partida será a consideração de fatores extraclasse, mas também do processo pedagógico e individual do pequeno.

Causas consideráveis do atraso escolar

1.1 – Um estudo realizado pela pesquisadora Adriana Jacob, da USP, mostra que o atraso escolar pode estar relacionado ao aspecto ambiental, uma vez que os processos de aprendizagem estão intimamente ligados ao grupo familiar ao que o aluno está inserido. Isso significa que o nível sócio-econômico, o letramento e a valorização do ensino formal presentes na família podem exercer influência no estudante.
Jacob (1996) também traz para o levantamento que tal exposição ao estresse psicossocial múltiplo, “como uma condição presente na história de vida da criança, pode caracterizar-se como agente que fragiliza o indivíduo, favorecendo as dificuldades frente às demandas escolares”.
1.2 – Mais adiante, o estudo em questão considera outra possibilidade, dessa vez referenciada por Pain (1985), no qual os fatores individuais da criança são relacionados aos aspectos biológicos, afetivos e cognitivos do pequeno, uma vez que tais fatores influenciam no processo de aprendizagem.

Desenvolvimento afetivo na aprendizagem e o atraso escolar

A pesquisa de Adriana Jacob mostra uma parte interessante quando ela traz para a discussão do atraso escolar algumas características que justificam, em parte, tal condição. O estudo levanta o que Santos (1990) conseguiu identificar quando analisou a procura de pais por atendimentos psicológicos em uma clínica infantil vinculada à prefeitura de São Paulo. Observou-se que 61,5% dos casos ocorriam em função de distúrbios de aprendizagem. Além disso, as situações de atraso escolar e problemas relacionados à função pedagógica estavam relacionados a determinadas reações de fundo afetivo: “nervosismo, impulsividade, oposição, choro fácil, baixa tolerância à frustração, falta de iniciativa, apatia, isolamento social, dependência, imaturidade, medos e manifestações somáticas difusas.”

Como identificar?

Embora cada criança tenha um comportamento único, a dificuldade no aprendizado pode ser perceptível no desempenho escolar. Para os educadores, essa observação pode ser feita no dia a dia. Os pais também podem identificá-la em pequenos gestos, como o pouco gosto da criança por alguma atividade dada em sala de aula, por exemplo.

Tratamentos

A melhor maneira de intervir nesses casos é procurar por um tratamento multidisciplinar, sendo que a presença de profissionais de psicologia e psicopedagogia são essenciais.
É importante ressaltar que dentro de casa o incentivo também deve ser com muita paciência e amor para que a criança se sinta encorajada e impulsionada. Pais, lembrem-se que sua compreensão é fundamental.

Contribuições da Psicomotricidade na Educação Infantil




Os processos educacionais na infância têm a finalidade de ajudar as crianças a desenvolver habilidades e competências ligadas a capacidade de aprender por meio das atividades acadêmicas ou escolares. Estes processos, por sua vez, precisam ser lapidados e bem estruturados nos primeiros anos de vida pré-escolares, a fim de que a criança chegue à escola com os quesitos neuropsicomotores consolidados.
psicomotricidade é uma ciência que tem a finalidade de estudar a interação entre  aspectos motorescognitivos e afetivos durante os primeiros anos de vida, também em como avaliar e planejar estas habilidades no sentido de observar anormalidades e sincronizar estas competências alinhando-as em direção à plenitude destas funções de acordo com o desenvolvimento da criança e com a sua maturidade.
Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
Nos primeiros anos de vida, a criança passa por constantes modificações evolutivas em vários eixos de seu desenvolvimento; o motor, o adaptativo, o pessoal-afetivo, nas emoções e na linguagem.  O respeito às etapas e a aquisição adequada de cada habilidade em cada momento da vida é essencial e sinaliza integridade anatômica e funcional do cérebro.  Mesmo assim, algumas crianças podem evoluir de forma inadequada e atrasada e, sem intervenção, chegar em desvantagem na fase escolar de sua vida.
Os princípios e a metodologia psicomotora contribuem para reduzir os riscos de má evolução acadêmica, pois recomenda trabalhar e desenvolver os mais variados aspectos ligados à eficácia motora e cognitiva da criança sem deixar de acrescentar que o respeito ao limiar normal esperado da criança é essencial para que a maturação cerebral e as particularidades neurofuncionais de acordo com a idade se façam sem sobrecarregar emocionalmente a criança.
Além disto, a psicomotricidade tem em seu bojo princípios sintonizados com aspectos peculiares do cérebro como hierarquia, especialização e  lateralização. O andamento de um bom desenvolvimento psicomotor se baseia antes na boa estruturação de habilidades mais amplas e básicas (tônus, equilíbrio e postura) para depois serem aplicadas maior performance nas habilidades mais finas (coordenação motora, lateralidade, praxia). Por sua vez, a especialização deve ser estimulada para que o cérebro “reserve espaço” para outras demandas e habilidades e possa ceder mais áreas para novas aprendizagens.  A lateralidade se destina a habilidade de concentrar determinadas funções ora do lado direito, ora do lado esquerdo do cérebro com a finalidade de organizar melhor as funções cerebrais de acordo com o domínio lateral atingido pela criança.  Como o lado direito costuma amadurecer mais precocemente (até os 6 anos), deve se dar mais ênfase às atividades que estimulem tal lado até os 6 anos.
A condução cada vez mais pautada em evidências científicas vem mostrando que a relevância da psicomotricidade no rol dos modelos e métodos que podem trazer maior favorecimento na Educação é óbvia e colocar seu modus operandi na escola pode favorecer amplamente a aprendizagem.


EDUCAÇÃO E CIÊNCIA

Ignacio Morgado Bernal: Razões científicas para ler mais do que lemos



A leitura, além de melhorar a empatia e o entendimento dos demais, é um dos melhores exercícios possíveis para manter em forma o cérebro e as capacidades mentais
O Brasil tem mais leitores a cada ano. Em 2011, eram 50% da população. Em 2015, eram 56%, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Contudo, isso também significa que 44% da população não lê. Ainda pior: 30% nunca comprou um livro. Alguns argumentos científicos, em especial da neurociência, podem ajudar a melhorar esses índices.
A leitura é um dos melhores exercícios possíveis para manter o cérebro e as capacidades mentais em forma. Isso é verdade porque a atividade de leitura exige colocar em jogo um importante número de processos mentais, entre os quais se destacam a percepção, a memória e o raciocínio. Quando lemos, ativamos principalmente o hemisfério esquerdo do cérebro, que é o da linguagem e o mais dotado de capacidades analíticas na maioria das pessoas, mas são muitas outras áreas do cérebro de ambos os hemisférios que são ativadas e intervêm no processo. Decodificar as letras, as palavras e as frases e transformá-las em sons mentais requer a ativação de grandes áreas do córtex cerebral. Os córtices occipital e temporal são ativados para ver e reconhecer o valor semântico das palavras, ou seja, o seu significado. O córtex frontal motor é ativado quando evocamos mentalmente os sons das palavras que lemos. As memórias evocadas pela interpretação do que foi lido ativam poderosamente o hipocampo e o lobo temporal medial. As narrativas e os conteúdos sentimentais do texto, seja ele ficcional ou não, ativam a amígdala e outras áreas emocionais do cérebro. O raciocínio sobre o conteúdo e a semântica do que foi lido ativa o córtex pré-frontal e a memória de trabalho, que é a que usamos para resolver problemas, planejar o futuro e tomar decisões. Está provado que a ativação regular dessa parte do cérebro desenvolve não apenas a capacidade de raciocinar, como também, em certa medida, a inteligência das pessoas.
A leitura, em última análise, inunda de atividade o conjunto do cérebro e também reforça as habilidades sociais e a empatia, além de reduzir o nível de estresse do leitor. A esse respeito, devemos destacar o excelente trabalho de revisão do romancista e psicólogo Keith Oatley, da Universidade de Toronto, no Canadá, recentemente publicado na revista científica CellPress, intitulado: Fiction: Simulation of Social Worlds (Ficção: Simulação de Mundos Sociais), que destaca que que a literatura de ficção é a simulação de nós mesmos em interação. Depois de uma rigorosa e elaborada revisão de dados e considerações sobre psicologia cognitiva, Oatley conclui que esse tipo de literatura, sendo uma exploração das mentes alheias, faz com que aquele que lê melhore sua empatia e sua compreensão dos outros, algo de que estamos muito necessitados. Essa conclusão ainda é avalizada por neuroimagens, ou seja, por dados científicos que exploram a atividade cerebral relacionada com esse tipo de emoções. A ficção que inclui personagens e situações complexas pode ter efeitos particularmente benéficos. Assim, e como exemplo, um trabalho recém-publicado mostra que a leitura de Harry Potter pode diminuir os preconceitos dos leitores.
Tudo isso sem falar na satisfação e no bem-estar proporcionado pelo conhecimento adquirido e como esse conhecimento se transforma em memória cristalizada, que é a que temos como resultado da experiência. O livro e qualquer leitura comparável são, portanto, uma academia acessível e barata para a mente, a que proporciona o melhor custo/benefício em todas as fases da vida, razão pela qual deveriam ser incluídos na educação desde a primeira infância e mantidos durante toda a vida. Cada pessoa deve escolher o tipo de leitura que mais a motiva e convém. As crianças devem ser estimuladas a ler com leituras adequadas às suas idades e os mais velhos devem providenciar toda a assistência que suas faculdades visuais necessitem para continuar lendo e mantendo seu cérebro em forma à medida que envelhecem. Uma razão a mais para que os idosos continuem a ler é a crença plausível de que não somos realmente velhos até que não comecemos a sentir que já não temos nada de novo para aprender.
* Ignacio Morgado Bernal é diretor do Instituto de Neurociências da Universidade Autônoma de Barcelona, autor de Cómo Percibimos el Mundo: una Exploración de la Mente y los Sentidos (Como Percebemos o Mundo: uma Exploração da Mente e dos Sentidos).

NELSON MANDELA

Nelson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”




Símbolo da luta contra o Apartheid, regime de segregação racial que separava brancos e negros na África do Sul, Mandela foi sempre defensor de um sistema educacional mais equânime e digno. “Não está além do nosso poder a criação de um mundo no qual crianças tenham acesso a uma boa educação. Os que não acreditam nisso têm imaginação pequena”, repetiria ele ao longo da vida. Ainda em 1953, antes de passar 27 anos preso por lutar pela democracia, ele disse no Congresso Sul Africano: “Façam com que todas as casas e todos os barracos se tornem um centro de aprendizado para nossas crianças”.
Já como presidente, cargo que exerceu entre 1994 e 1999, Mandela lutou por prover uma educação mais equânime entre negros e brancos. “O presidente Mandela falou com paixão em todos os fóruns possíveis sobre seu compromisso de prover educação de qualidade para todas as crianças da África do Sul, assim como propiciar também uma vida melhor para todos. Ele estabeleceu parcerias valiosas com o setor privado, especialmente para a construção de escolas nas comunidades rurais de todo o país”, diz o Departamento de Educação Básica em seu site.
Mesmo depois de seu período na presidência e já octogenário, Mandela não deixou de lado sua ligação com educação. Em 2003, ele participou do lançamento da rede Mindset, uma organização sem fins lucrativos que provê material educativo e curricular para alunos e professores em vários temas, desde economia, matemática e física até tecnologia e orientação para a vida. Na ocasião, proferiu uma de suas aspas mais famosas e que resume parte de seus valores. “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, disse ele. E avisou: “Vou usar o resto dos meus dias para ajudar a África do Sul a se tornar mais segura, saudável e educada”.
Sua militância na área continuou sendo frequente, mesmo depois de se retirar da vida pública em 2004. A instituição que leva seu nome e se responsabiliza por levar adiante seu legado ajudou a reformar escolas e a criar centros de excelência de estudos pela África do Sul. No exterior, suas palestras em universidades foram muitas – no site de sua fundação, a Nelson Mandela Foundation, é possível acessar a transcrição de seus discursos. “As instituições de educação superior têm a obrigação de escancarar suas portas. As que oferecem a educação mais rigorosa é que têm a maior obrigação. Vocês têm a qualidade, a habilidade, o apoio necessário para pressionar por isso”, disse Mandela em 2005 a universidade norte-americana de Amherst.
Ainda em 2005, ele criou outra fundação, a Mandela Rodhes Scholarship, destinada a financiar os estudos de jovens líderes africanos. Dois anos depois, ele criou um instituto voltado para promover a educação na área rural de seu país, o Nelson Mandela Institute for Rural Development and Education. “Ninguém pode se sentir satisfeito enquanto ainda houver crianças, milhões de crianças, que não recebem uma educação que lhes ofereça dignidade e o direito de viver suas vidas completamente”, disse ele por ocasião da fundação da organização.


Além de ele em si ter sido um advogado da educação, documentos relativos à sua vida e à sua contribuição para a história também estão disponíveis e organizados, num trabalho feito pela Nelson Mandela Foundation. Todo o material está disponível na plataforma e pode ajudar educadores de todo o mundo a recontar a importância do líder sul africano para os séculos 20 e 21.
O legado de Mandela para a educação, portanto, passa pela defesa firme de uma educação de qualidade para todos, seja na cidade no campo, na escola ou na universidade. A educação, para ele, era uma forma de empoderar e libertar as pessoas, e a liberdade sempre foi sua maior bandeira. “Uma boa mente e um bom coração são sempre uma combinação formidável. Mas quando você adiciona a isso um idioma bem falado ou uma caneta, então você tem uma coisa realmente especial”, dizia ele.
“… os jovens devem tomar para si a responsabilidade de garantir que terão a melhor educação possível para poder nos representar bem no futuro, como futuros líderes.”

GANDHI

Gandhi: em nome da paz

Ele provou ao mundo que revolução não precisa de violência


















Foi na África do Sul, onde viveu por mais de 20 anos, que Gandhi percebeu que o mundo podia ser mudado com a resistência pacífica. Depois, na Índia, tornou-se o principal líder do processo de independência. Mas, como veremos, nem ele foi capaz unir um povo dividido por disputas políticas e intolerância religiosa.
Para inglês ver
Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869 na cidade indiana de Porbandar, filho de um político influente e de uma mulher muito religiosa - que costumava jejuar dias seguidos, seguindo um ritual hindu de purificação. Aos 13 anos, o jovem Mohandas se casou com Kasturbai, da mesma idade. Aos 18, foi estudar Direito em Londres. No início, se esforçou para ser um gentleman, pois achava que as roupas e os costumes ingleses lhe trariam sucesso. Com o tempo, porém, voltou-se à vida espiritual: passou a recitar de cor o Bhagavad Gita, um dos principais textos hindus. Também leu a Bíblia, adotando como lema os versos do Sermão da Montanha - aquele que diz: "Se vos esbofeteiam, oferecei a outra face".
Em 1891, o advogado Gandhi voltou à Índia. Por causa da timidez em falar em público, sua carreira não engrenava. Mesmo assim, foi convidado para ajudar a defender uma firma de comércio indiana num processo na África do Sul - assim como a Índia, uma colônia do Império Britânico. Nem bem pisou o solo sul-africano, em 1893, Gandhi sentiu na pele a discriminação contra "homens de cor". Durante uma viagem, foi jogado de um trem por se recusar a sair da primeira classe, exclusiva para brancos. Era um exemplo claro de que, mesmo que se vestisse como um inglês e tivesse estudado em Londres, ele nunca poderia ser livre numa colônia.
Após um ano na cidade de Pretória, o trabalho de Gandhi terminou. Mas ele decidiu ficar e lutar pelos direitos de seus conterrâneos que viviam na África do Sul - a maioria deles trabalhadores rurais. Em 1894, por exemplo, Gandhi percorreu o país reunindo milhares de assinaturas contra um projeto de lei que impedia os indianos pobres de votar. A medida foi aprovada do mesmo jeito, mas a atitude virou manchete na imprensa européia.

Com a razão, contra a lei
Entenda o princípio da desobediência civil

Quando fazia seus protestos, Gandhi estava colocando em prática uma idéia do século 19. A paternidade do conceito de desobediência civil é atribuída ao pensador americano Henry D. Thoreau. Segundo ele, se uma lei fosse "flagrantemente injusta", você poderia desobedecê-la. No século 20, o filósofo americano John Rawls definiu a desobediência civil como "um ato público, não-violento, contrário à lei e usualmente feito para produzir uma mudança na lei ou em políticas de governo". Mas o que isso significa? Em primeiro lugar, que a desobediência civil não significa desprezo às leis em geral. "Você tem consciência de que está desrespeitando uma lei porque deseja outra melhor. E, mesmo desobedecendo essa lei, continua disposto a se expor às suas conseqüências", diz o cientista político Cicero Araujo, da Universidade de São Paulo. "Todo ato de desobediência civil também precisa ser previamente avisado." Gandhi cumpria à risca essas condições: declarava-se leal à Constituição inglesa, sempre avisava antes de cada campanha e nunca resistia ao ser preso. Ao atuar abertamente, Gandhi diferenciava suas manifestações de atos criminosos (quando um ladrão rouba, ele faz isso escondido porque não pode justificar sua ação publicamente). A desobediência civil só pode ser feita contra leis que boa parte da sociedade ache injustas. Um bom exemplo foi a legislação racista do sul dos Estados Unidos, combatida nos anos 50 e 60 pelo pastor Martin Luther King - que agia da mesma forma que Gandhi e deixava a polícia numa sinuca: como pode ser certo usar de violência para reprimir manifestações pacíficas? "‘Civil’ vem da idéia de civilizado, em contraponto ao armado", diz Araujo. Para quem quiser tentar, um aviso: a desobediência civil só funciona em países que se comprometem com o valor das leis - em ditaduras, ela não faz sentido.

⇨ Em 1906, pai de quatro filhos, Gandhi fez um voto celibatário. O objetivo era aumentar o autoconhecimento e se aproximar de Deus. No mesmo ano, lançou a doutrina do satyagraha (ou "força da verdade"). Gandhi dizia que seu método exigia muita ação e coragem - contrariando uma idéia comum, ele não pregava a "resistência passiva". O pilar fundamental é a não-violência: protestar sempre, revidar nunca (muitas vezes, isso significava apanhar quieto da polícia). A regra era se recusar a seguir leis injustas, seguindo o princípio da "desobediência civil".
satyagraha estreou contra uma lei feita para controlar imigrantes, que obrigava os indianos a se registrar com impressões digitais. Gandhi reuniu seguidores num teatro e declarou: "Por meio da nossa dor, nós os faremos perceber sua injustiça. Podem me torturar e até me matar. Terão meu corpo, não minha obediência". Como o governo não revogou a lei, Gandhi queimou seus registros e foi preso. Sempre que era levado a julgamento, acusado de desafiar o domínio colonial, Gandhi dizia que era isso mesmo que ele estava fazendo. Em vez de tentar escapar da prisão, concordava que merecia a pena máxima. Mas, como suas prisões geravam protesto, Gandhi costumava ser solto rapidamente.
O principal rival de Gandhi era o general Jan Christian Smuts, administrador da África do Sul. Aos poucos, contudo, ele foi conquistado pelo teimoso indiano. "Nunca o vi deixar-se contaminar pelo ódio. Seus métodos me irritavam, mas reconheço que minha situação era difícil. Eu tinha que aplicar uma lei que não contava com respaldo popular. Quando foi embora da África do Sul, me deu sandálias que ele mesmo tinha feito. Eu as devolvi: não me considerava merecedor de usar o mesmo calçado de um homem tão grande", escreveu Smuts em 1939.
Volta para casa
Em 1914, Gandhi voltou à terra natal. Graças à repercussão de sua atuação na África, logo se tornou um dos líderes do movimento pela independência da Índia. Mas ele percebeu que não seria fácil convencer os grupos religiosos do país a se unirem para lutar de modo pacífico. Naquela época, os indianos estavam divididos em 300 milhões de hindus, 100 milhões de muçulmanos e 6 milhões de sikhs. Unidos pela revolta contra os ingleses, eles tinham muitas diferenças entre si.
No início de 1919, Gandhi evocou a resistência não-violenta contra leis que davam aos ingleses poderes ilimitados contra a oposição. O movimento virou uma greve geral que paralisou o país, mas descambou para a violência. Gandhi então interrompeu a ação e começou um período de jejum para expiar sua culpa e se opor ao derramamento de sangue. No dia 13 de abril, tropas inglesas reprimiram a tiros uma multidão que protestava pacificamente na cidade de Amritsar, matando cerca de 400 pessoas e ferindo 1100. Depois do massacre, Gandhi interrompeu a cooperação com os britânicos. Começou mudando a própria imagem: raspou totalmente o cabelo e nunca mais usou trajes que não fossem vestimentas indianas tradicionais. Incitou o povo a fabricar suas roupas em casa e parar de comprá-las da Inglaterra- ele mesmo dava o exemplo, fazendo tecido com sua roca.
Os protestos arrancavam concessões dos britânicos, mas a independência ainda parecia distante. Em 1930, Gandhi inovou: em vez de fazer jejum, resolveu queimar algumas calorias numa marcha. Seguido por milhares de indianos, caminhou quase 400 quilômetros rumo ao mar da Arábia para fazer sal. Aparentemente banal, o ato era uma violação do monopólio britânico sobre a fabricação do produto. Indianos de todo o país seguiram o exemplo, vendendo sal nas ruas. A repressão prendeu desde políticos até pessoas comuns. Com as cadeias lotadas, o vice-rei lorde Irwin, governante inglês da Índia, se dispôs a negociar. Em 1931, foi quebrado o monopólio sobre o sal. Sinal de que a independência seria questão de tempo.
Sonho partido
Enquanto dobrava os britânicos, Gandhi não conseguia conter os radicais hindus e muçulmanos, que realizavam atentados terroristas. Durante a Segunda Guerra, iniciada em 1939, a tensão cresceu. Gandhi disse que a Índia só apoiaria a Inglaterra se, ao fim do conflito, ganhasse a independência. Não houve acordo. O líder prosseguiu com seus protestos e foi preso em 1942. Dois anos depois, com a rivalidade entre hindus e muçulmanos beirando o caos, Gandhi começou a jejuar contra as hostilidades. Com medo de que ele morresse, os grupos rivais se acalmaram.
Gandhi voltou a comer, mas logo a violência recomeçou. Em maio, sofrendo de malária, ele foi solto pelos ingleses. Tentou, então, fazer com que os radicais hindus depusessem as armas. Fracassou. Por meio de cartas, tentou convencer Mohammed Ali Jinnah, maior líder muçulmano da Índia, a apoiar a criação de um só país após a independência. Mas ele tinha outros planos: exigia a divisão do território e a criação de um país islâmico, o Paquistão (ou "terra dos puros").
Após a Segunda Guerra, a Inglaterra estava frágil demais para manter sua maior colônia. Em março de 1947, desembarcou na Índia Louis Mountbatten, nomeado o último vice-rei. No dia 1º de abril, Gandhi se reuniu com ele e propôs que a colônia virasse um país só. Mal sabia que seu discípulo Jawaharlal Nehru, um dos líderes do Partido do Congresso, já havia dito a Mountbatten que os hindus, assim como os muçulmanos, preferiam a divisão.
Em 14 de agosto, o Paquistão declarou sua independência. À 0h do dia seguinte, a Índia fez o mesmo. Nehru virou primeiro-ministro da Índia e Jinnah assumiu o poder da nação vizinha. Gandhi nem foi aos festejos. Tinha 78 anos e viu que era tempo de dedicar-se à vida religiosa. Em 30 de janeiro de 1948, por volta das 5 da tarde, quando chegava para rezar num jardim de Nova Délhi, Gandhi foi morto a tiros por um extremista hindu. Suas últimas palavras foram "He Ram" - "Oh, Deus" no dialeto devanagari.
Gandhi foi logo transformado em mártir. Mas, recentemente, sua imagem intocada se tornou alvo de críticas. Em um artigo na revista americana Time, em 1998, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie citou o filme Gandhi como exemplo da "santificação ocidental não-histórica" do personagem: "Lá estava Gandhi, como guru, provendo esse produto da moda, a sabedoria oriental. Gandhi como Cristo, morrendo para que os outros pudessem viver". Segundo Rushdie, o culto ao líder parece insinuar que sempre é possível ganhar a liberdade sendo mais ético que o opressor, o que nem sempre ocorre. No fim da vida, o próprio Gandhi reconheceu que a não-violência talvez não tivesse adiantado contra os nazistas.

Irmãos em lutaSeparados, Índia e Paquistão se tornaram rivais
A maior derrota sofrida por Gandhi foi a divisão da Índia, em agosto de 1947. Jawaharlal Nehru, um dos líderes do Partido do Congresso e discípulo de Gandhi, passara muito tempo defendendo a unidade do país, mas acabou temendo o que aconteceria com os hindus se o governo fosse assumido pela minoria muçulmana. Já Mohammed Ali Jinnah, líder da Liga Muçulmana, nunca abandonou a idéia de criar de um Estado islâmico separado da Índia, o Paquistão. "Para ele, era legítimo o direito de secessão das zonas em que a identidade muçulmana era majoritária", diz o italiano Francesco D`Orazi Flavoni no livro Storia dell´India ("História da Índia", sem tradução no Brasil). Jinnah costumava dizer que a Índia não era uma nação, e sim um subcontinente habitado por nacionalidades, das quais as duas principais eram a muçulmana e a hindu. A divisão prevaleceu, mas não houve uma separação cirúrgica. De repente, milhões de pessoas estavam "do lado errado" e precisavam cruzar centenas de quilômetros para chegar a seu novo país. Muitos nunca chegaram. Segundo a pesquisadora indiana Sunil Khilnani, da Universidade de Carleton, no Canadá, a divisão provocou o deslocamento de algo entre 12 milhões e 16 milhões de pessoas, além da morte de cerca de 1 milhão em conflitos. As divergências entre os dois lados tampouco desapareceram com a independência. Índia e Paquistão se enfrentariam em três guerras (1947-1948 e 1965, pelo controle da Caxemira, e 1971, quando o Paquistão Oriental se tornou Bangladesh) e desenvolveram armas nucleares.

domingo, 29 de janeiro de 2017

CRIANÇAS SAUDÁVEIS

CRIANÇA SAUDÁVEL É ESPONTÂNEA, BARULHENTA, INQUIETA, EMOTIVA E COLORIDA!


Uma criança não nasce para ficar quieta, para não tocar nas coisas, ser paciente ou entreter-se. Uma criança não nasce para ficar sentada a ver TV ou a jogar no tablet. Uma criança não quer ficar quieta o tempo todo.
Crianças precisam se mover, navegar, procurar notícias, criar aventuras e descobrir o mundo ao seu redor. Elas estão aprender, são esponjas, jogadores natos, caçadores de tesouros.
Elas são livres, almas puras que buscam a voar, não ficar de lado. Não as façamos escravas da vida adulta, da pressa e falta de imaginação dos mais velhos.
Não as apressemos em nosso mundo de desencanto. Impulsionemos o seu sentimento de maravilha, garantindo-lhes uma vida emocional, social e cognitiva rica em conteúdo, perfume das flores, expressão sensorial, felicidade e conhecimento.
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O que acontece no cérebro de uma criança quando brinca?

Os benefícios das brincadeiras para as crianças estão presentes em todos os níveis (fisiológicos-emocionais, comportamentais e cognitivos), isso não é um mistério. Na verdade, podemos falar de múltiplas repercussões:
Regula o humor e ansiedade.
Promove atenção, aprendizagem e memória.
Reduz o stress, favorecendo a calma neuronal, bem-estar e felicidade.
Amplia a sua motivação física, graças à qual os músculos reagem impulsionando-as a brincar.
Tudo isso promove um estado ótimo de imaginação e criatividade, ajudando-as a apreciar a fantasia do que as rodeia.
A sociedade tem alimentado a hiper paternalidade, que é a obsessão dos pais para que seus filhos tenham habilidades específicas para assegurar uma boa profissão no futuro. Esquecemo-nos, como sociedade e como educadores, que o valor das crianças não é definido por uma nota na escola e que com os esforços para priorizar os resultados, negligenciamos as habilidades para a vida.
“O valor das nossas crianças é que desde pequenas precisam que as amemos de forma independente, elas não são definidas pelas suas realizações ou fracassos, mas por serem elas mesmas, únicas por natureza. Quando somos crianças, não somos responsáveis por aquilo que recebemos na infância, mas, quando adultos, somos inteiramente responsáveis por corrigi-lo.”

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Simplificar a infância, educar bem

Dizemos sempre que cada pessoa é única, mas temos isso pouco interiorizado. Isso reflete-se num simples facto: estabelecer um conjunto de regras para educar todos os nossos filhos.
Na verdade, esse é um equívoco generalizado que não é de todo coerente com o que acreditamos ser claro (que cada pessoa é única). Portanto, não é de se estranhar que a confluência de nossas crenças e ações resultem em confusão na criança.
Por outro lado, como afirma Kim Payne, professor e conselheiro estadunidense, estamos criando nossas crianças com excesso de quatro pilares:
Muita informação.
Muitas coisas.
Muitas opções.
Muita velocidade.
Impedimo-las de explorar, refletir ou aliviar as tensões que acompanham a vida quotidiana. Enchemo-las de tecnologia, brinquedos e atividades escolares e extracurriculares, distorcemos a infância e, o que é pior, impedimo-las de brincar e se desenvolver.
Hoje em dia as crianças passam menos tempo ao ar livre do que as pessoas que estão na prisão. Por quê? Porque nós as mantemos “entretidas e ocupadas” em outras atividades que acreditamos mais necessárias, tentando fazer com que permaneçam imaculadas e sem manchas nas roupas. Isto é intolerável e, acima de tudo, extremamente preocupante. Consideremos algumas razões pelas quais devemos mudar isso …
Higiene excessiva aumenta a probabilidade de que as crianças desenvolvam alergias, como mostra um estudo do Hospital de Gotemburgo, Suécia.
Não lhes permitimos desfrutar do ar livre é uma tortura que limita seu desenvolvimento potencial criativo.
Mantê-las “agarradas” ao telemóvel, tablet, computador ou televisão é altamente prejudicial para nível fisiológico, emocional, cognitivo e comportamental.
 Poderíamos continuar, mas neste momento a maioria de nós já encontrou inúmeras razões pelas quais está destruindo a magia da infância. Como o educador Francesco Tonucci diz:
“A experiência das crianças deveria ser o alimento da escola: sua vida, suas surpresas e descobertas. O meu professor fazia-nos sempre esvaziar os bolsos na sala de aula, porque estavam cheios de testemunhas do mundo exterior: bichos, cordas, cartas… Bem, hoje devem fazer o oposto, pedir às crianças para mostrarem o que carregam em seus bolsos. Desta forma, a escola se abriria para a vida, recebendo as crianças com os seus conhecimentos e trabalhando em torno deles “.
Esta certamente é uma maneira muito mais saudável de trabalhar com elas, educá-las e assegurar o seu sucesso. Se esquecermos isso em algum momento, devemos ter bem presente o seguinte: “Se as crianças não precisam de um banho urgente, não brincaram o suficiente.” Esta é a premissa fundamental de uma boa educação.