Sob Alckmin, ensino de SP tem queda geral em avaliação de matemática
O desempenho em matemática dos estudantes da rede estadual de São Paulo caiu tanto no ensino fundamental como no médio em 2016. Os dados são do Saresp, a avaliação oficial e anual do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Em português, houve melhora no aprendizado no 5º ano do fundamental e no 3º do médio, mas uma leve queda no 9º ano.
As notas nessa prova compõem -ao lado de indicadores de aprovação, reprovação e abandono- o indicador educacional da rede estadual, chamado Idesp. Esse índice apresentou alta no 5º ano e também no ensino médio, mas caiu no 9º ano do fundamental no ano passado.
Mesmo com as variações positivas do Idesp, os indicadores do Estado mais rico do país expõem preocupações por apontarem uma tendência de estagnação nos anos finais do ensino fundamental e no médio. A rede estadual tem 3,7 milhões de alunos.
Levantam uma série de dúvidas, ainda, sobre os impactos da política educacional de longo prazo de São Paulo - controlado pelo mesmo partido, o PSDB, desde 1995.
Para o governo, os resultados indicam que a política está no caminho correto.
Segundo o professor Ocimar Alavarse, da USP, os patamares de aprendizado na rede paulista continuam muito baixos. "O quadro mostra que as políticas fixadas a partir de 2007, com um currículo imposto de cima pra baixo, avaliação externa e bônus para professores não funcionou."
Desde 2008, o Idesp é critério para o pagamento de bonificação para professores de escolas que consigam elevar seus indicadores. Essa política é questionada por especialistas por causa da fragilidade de evidências que apontem que ela promova alguma melhora no aprendizado.
No plano nacional, São Paulo figura entre os Estados com melhores Ideb (indicador educacional do governo federal). Na última edição, houve avanço no ensino médio, mas a rede ainda fica abaixo da sua meta.
Para a pesquisadora Katia Smole, especialista no ensino de matemática, os dados dos anos finais do fundamental (9º ano) são preocupantes. "Com esse resultado, em níveis muito baixos, não vamos melhorar nunca o ensino médio", diz. "Os alunos iniciam o médio em um ponto de partida muito baixo."
A maior queda em matemática foi no 9º ano. O indicador passou de 255,5 para 251. A nota considerada adequada é de 300.
Nesse nível, é como se os alunos terminassem o ensino fundamental sem, por exemplo, resolver uma expressão numérica envolvendo as quatro operações.
Foi somente nos resultados do 9º ano que as notas de língua portuguesa não melhoraram. Houve pequena variação negativa, o que aponta estabilidade: de 237,9 para 237,4. É considerado adequada uma nota de 275.
Um aluno não seria capaz, por exemplo, de diferenciar a ideia principal da secundária em uma notícia.
CRESCE
A única etapa que apresenta tendência positiva consistente é o primeiro ciclo. Os dados do Idesp do 5º ano crescem desde 2008 no Estado.
No entanto, é o primeiro ano desde 2012 em que há queda em uma das provas. A nota de matemática no 5º ano passou de 223,6, em 2015, para 222,4, em 2016. O nível considerado adequado é 225.
O governo Alckmin tem esvaziado o programa de alfabetização da rede voltado para alunos do 1º ao 5 ano. O Ler e Escrever foi criado em 2007 e era apontado como uma das principais ações da área.
Nas provas realizadas pelos alunos do 3º ano do fundamental, houve queda em português pelo segundo ano consecutivo. A média de 2016 (172,3) é 20 pontos mais baixa que a de 2014.
'DESAFIO NACIONAL'
A Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz que o ensino de matemática, disciplina que apresentou piora nos indicadores de aprendizado, representa um desafio nacional.
Segundo Valéria Souza, coordenadora de Educação Básica da secretaria, os desafios na metodologia de aula são os maiores. "A matemática é um grande desafio nacional, sobretudo na parte de metodologia. Temos que continuar investindo na formação do professor", diz.
A pasta comemorou, por outro lado, os resultados do Idesp no ensino médio, ressaltando que a etapa apresentou seu quarto avanço seguido. A secretaria cita ainda tendência de avanço dos anos iniciais.
Souza defende que os dados mostram melhora na rede, mas pondera ser necessário aperfeiçoar a cada ano.
"A avaliação serve para ver a tendência e corrigir rumos. Esse resultado serve como termômetro", diz ela, que discorda da avaliação de especialistas de que os dados de aprendizagem estão estagnados nos anos finais do ensino fundamental e no médio.
Segundo Souza, a pasta entendia que o Saresp de 2016 traria desafios maiores, uma vez que, no ano passado, os dados do indicador tiveram avanço nas três etapas.
"Nosso desafio era manter o Idesp na mesma linha de subida que ele teve em 2015, e o desafio é enorme."
Fizeram as provas do Saresp no ano passado 84,4% dos alunos potenciais. Em 2015, quando o Estado cancelou a aplicação em 176 escolas ocupadas, a participação foi de 81,5%.
Os resultados do Saresp por escola foram divulgados nesta quinta-feira (2) na internet, no mesmo dia em que as aulas tiveram início. A estratégia da secretaria é que as unidades possam utilizar os dados no reforço intensivo programado para fevereiro.
A ideia da pasta é que as equipes gestoras identifiquem os pontos mais críticos e crie planos de ação, como salas separadas para quem tenha mais dificuldades nesse primeiro mês.
No ano passado, a secretaria abandonou o reforço dado além do período de aulas a alunos com dificuldades e esvaziou os outros dois modelos de recuperação presencial da rede.
Em português, houve melhora no aprendizado no 5º ano do fundamental e no 3º do médio, mas uma leve queda no 9º ano.
As notas nessa prova compõem -ao lado de indicadores de aprovação, reprovação e abandono- o indicador educacional da rede estadual, chamado Idesp. Esse índice apresentou alta no 5º ano e também no ensino médio, mas caiu no 9º ano do fundamental no ano passado.
Alunos têm aula de português em sala de aula lotada, na zona sul de São Paulo em 2011 |
Levantam uma série de dúvidas, ainda, sobre os impactos da política educacional de longo prazo de São Paulo - controlado pelo mesmo partido, o PSDB, desde 1995.
Para o governo, os resultados indicam que a política está no caminho correto.
Segundo o professor Ocimar Alavarse, da USP, os patamares de aprendizado na rede paulista continuam muito baixos. "O quadro mostra que as políticas fixadas a partir de 2007, com um currículo imposto de cima pra baixo, avaliação externa e bônus para professores não funcionou."
MATEMÁTICA
Desempenho dos alunos na rede estadual de SP no Saresp
2013
2014
2015
2016
Nota adequada
3º ano do ens. médio
100
Nota adequada
200
300
5º ano
242,60
9º ano
243,10
255,5
251
300
3º ano ens.médio
Desde 2008, o Idesp é critério para o pagamento de bonificação para professores de escolas que consigam elevar seus indicadores. Essa política é questionada por especialistas por causa da fragilidade de evidências que apontem que ela promova alguma melhora no aprendizado.
No plano nacional, São Paulo figura entre os Estados com melhores Ideb (indicador educacional do governo federal). Na última edição, houve avanço no ensino médio, mas a rede ainda fica abaixo da sua meta.
Para a pesquisadora Katia Smole, especialista no ensino de matemática, os dados dos anos finais do fundamental (9º ano) são preocupantes. "Com esse resultado, em níveis muito baixos, não vamos melhorar nunca o ensino médio", diz. "Os alunos iniciam o médio em um ponto de partida muito baixo."
A maior queda em matemática foi no 9º ano. O indicador passou de 255,5 para 251. A nota considerada adequada é de 300.
Nesse nível, é como se os alunos terminassem o ensino fundamental sem, por exemplo, resolver uma expressão numérica envolvendo as quatro operações.
Foi somente nos resultados do 9º ano que as notas de língua portuguesa não melhoraram. Houve pequena variação negativa, o que aponta estabilidade: de 237,9 para 237,4. É considerado adequada uma nota de 275.
Um aluno não seria capaz, por exemplo, de diferenciar a ideia principal da secundária em uma notícia.
PORTUGUÊS
Desempenho dos alunos na rede estadual de SP no Saresp
2013
2014
2015
2016
Nota adequada
3º ano do ens. médio
100
Nota adequada
200
300
5º ano
9º ano
3º ano do ens. médio
CRESCE
A única etapa que apresenta tendência positiva consistente é o primeiro ciclo. Os dados do Idesp do 5º ano crescem desde 2008 no Estado.
No entanto, é o primeiro ano desde 2012 em que há queda em uma das provas. A nota de matemática no 5º ano passou de 223,6, em 2015, para 222,4, em 2016. O nível considerado adequado é 225.
O governo Alckmin tem esvaziado o programa de alfabetização da rede voltado para alunos do 1º ao 5 ano. O Ler e Escrever foi criado em 2007 e era apontado como uma das principais ações da área.
Nas provas realizadas pelos alunos do 3º ano do fundamental, houve queda em português pelo segundo ano consecutivo. A média de 2016 (172,3) é 20 pontos mais baixa que a de 2014.
'DESAFIO NACIONAL'
A Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz que o ensino de matemática, disciplina que apresentou piora nos indicadores de aprendizado, representa um desafio nacional.
Segundo Valéria Souza, coordenadora de Educação Básica da secretaria, os desafios na metodologia de aula são os maiores. "A matemática é um grande desafio nacional, sobretudo na parte de metodologia. Temos que continuar investindo na formação do professor", diz.
A pasta comemorou, por outro lado, os resultados do Idesp no ensino médio, ressaltando que a etapa apresentou seu quarto avanço seguido. A secretaria cita ainda tendência de avanço dos anos iniciais.
Souza defende que os dados mostram melhora na rede, mas pondera ser necessário aperfeiçoar a cada ano.
IDESP DAS ESCOLAS ESTADUAIS
Índice reúne notas do Saresp e dados de aprovação escolar; a escala varia de 0 a 10
2014
2015
2016
Ensino médio
1
2016
2
3
4
5
Fundamental 1 (5º ano)
Fundamental 2 (9º ano)
1,93
Ensino médio
2,25
2,30
Segundo Souza, a pasta entendia que o Saresp de 2016 traria desafios maiores, uma vez que, no ano passado, os dados do indicador tiveram avanço nas três etapas.
"Nosso desafio era manter o Idesp na mesma linha de subida que ele teve em 2015, e o desafio é enorme."
Fizeram as provas do Saresp no ano passado 84,4% dos alunos potenciais. Em 2015, quando o Estado cancelou a aplicação em 176 escolas ocupadas, a participação foi de 81,5%.
Os resultados do Saresp por escola foram divulgados nesta quinta-feira (2) na internet, no mesmo dia em que as aulas tiveram início. A estratégia da secretaria é que as unidades possam utilizar os dados no reforço intensivo programado para fevereiro.
A ideia da pasta é que as equipes gestoras identifiquem os pontos mais críticos e crie planos de ação, como salas separadas para quem tenha mais dificuldades nesse primeiro mês.
No ano passado, a secretaria abandonou o reforço dado além do período de aulas a alunos com dificuldades e esvaziou os outros dois modelos de recuperação presencial da rede.
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