Dano do açúcar no
corpo é igual ao do álcool
Comentário foi feito
por cientistas da Universidade da Califórnia na revista Nature
São Paulo – Doenças infecciosas
foram ultrapassadas, pela primeira vez na história, por doenças não
infecciosas. De acordo com as Nações Unidas, doenças crônicas não
transmissíveis como câncer, diabetes e problemas no coração são responsáveis
por cerca de 35 milhões de mortes ao ano.
Em comentário
publicado na edição desta quinta-feira (02/02) da revista Nature, três
cientistas da Universidade da Califórnia em San Francisco destacam outro
responsável pela mudança na saúde pública mundial, além do cigarro e do álcool:
o açúcar.
Os autores
afirmam que os efeitos danosos do açúcar no organismo humano são semelhantes
aos promovidos pelo álcool e que seu consumo também deveria ser regulado.
O consumo
mundial de açúcar, apontam, triplicou nos últimos 50 anos. E, apesar de os
Estados Unidos liderarem o ranking mundial do consumo per capita do produto, o
problema não se restringe a esse ou a outros países desenvolvidos.
“Todo país que
adotou uma dieta ocidental, dominada por alimentos de baixo custo e altamente
processados, teve um aumento em suas taxas de obesidade e de doenças
relacionadas a esse problema. Há hoje 30% mais pessoas obesas do que
desnutridas”, destacaram os autores.
Mas
eles destacam que a obesidade não é o principal problema neste caso. “Muitos
acham que a obesidade está na raiz de todas essas doenças, mas 20% das pessoas
obesas têm metabolismo normal e terão uma expectativa de vida também normal. Ao
mesmo tempo, cerca de 40% das pessoas com pesos considerados normais
desenvolverão doenças no coração e no fígado, diabetes e hipertensão”,
disseram. Eles destacam que a disfunção metabólica é mais prevalente do que a
obesidade.
No fim das
contas, o problema é maior nos países menos ricos. Segundo o estudo, 80% das
mortes devidas a doenças não transmissíveis ocorrem nos países de rendas média
ou baixa.
De acordo com
os autores do artigo, o cenário chegou a tal ponto que os países deveriam
começar a controlar o consumo de açúcar. A regulação poderia incluir, sugerem,
a taxação de produtos industrializados açucarados, a limitação da venda de tais
produtos em escolas e a definição de uma idade mínima para a compra de
refrigerantes.
Mas,
diferentemente do álcool ou do cigarro, que são produtos consumíveis não
essenciais, o açúcar está em alimentos, o que dificulta a sua regulação.
“Regular o consumo de açúcar não será fácil, especialmente nos ‘mercados emergentes’
de países em desenvolvimento, nos quais refrigerantes são frequentemente mais
baratos do que leite ou mesmo água”, destacaram.
O comentário The toxic truth about sugar, de Robert H. Lustig, Laura A. Schmidt
e Claire D. Brindis, pode ser lido por assinantes da Nature.
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