quarta-feira, 13 de maio de 2015

RAIO-X DA EDUCAÇÃO MUNDIAL

Um raio-x da Educação mundial




A Unesco divulgou o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2000-2015, uma avaliação dos compromissos firmados em Dakar

10/04/2015 14:48
Texto Silvana Azevedo
Educar
Foto: Bruno Lanza / Claudia Marianno
Foto: educacao para todos unesco educar para crescer
Entre os seis compromissos firmados, o Brasil teria cumprido apenas dois: a garantia da Educação primária universal e a paridade e igualdade de gênero
Em 2000, 164 países se reuniram em um Fórum Mundial de Educação no Senegal e estabeleceram metas para mudar o cenário mundial da Educação, a partir de uma agenda comum de políticas de Educação e com seis objetivos a serem alcançados. Chegou a hora do veredito. Nesta quinta-feira, dia 9, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2000-2015: Progressos e Desafios.
De acordo com os dados apresentados, a Educação progrediu muito desde 2000. De lá para cá, 84 milhões de crianças e adolescentes (a mais) estão nas escolas. Já na educação pré-primária* houve um aumento de dois terços de matrículas. "Temos muito a comemorar. Mas apesar desses avanços, apenas um terço dos países alcançaram todos os objetivos mensuráveis do EPT (Educação para Todos)", afirmou Nihan Blanchy-Koseleci, da equipe do Relatório de Monitoramento Global, da Unesco Paris. Isso significa que apenas um, a cada três países, atingiu as metas mensuráveis. Cuba foi o único na América Latina que alcançou todas as seis metas estabelecidas.
Nesse balanço, feito por uma equipe independente sediada na Unesco em Paris, o Brasil evidenciou problemas no ensino. Entre os seis compromissos firmados, nosso país teria cumprido apenas dois: a garantia da Educação primária* universal e a paridade e igualdade de gênero. Análise que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) questiona.
"Ainda temos muito por fazer. Mas fizemos muito e, no último ano, de forma acelerada", diz José Francisco Soares, presidente do Inep, ao apresentar a versão brasileira do relatório Educação Para Todos. De acordo com Soares, o cenário do ensino no Brasil avançou em todos os aspectos.

Desempenho do Brasil a partir da análise do Inep
No que diz respeito a Educação e cuidados na primeira infância, ele se baseia nos indicadores que a própria Unesco utilizou: o de mortalidade infantil e o de frequência escolar. "Como todos sabem, a taxa de mortalidade caiu", diz. Para mensurar a Educação da primeira infância, ele traz informações referentes ao número de creches - que subiu de 13 mil para 35 mil, no período analisado, e dados sobre matrículas neste mesmo tipo de instituição. De acordo com o Inep, no ano de 2000 haviam 916.864 crianças matriculadas nas creches e em 2013, esse número saltou para 2.730.119. "O texto dessa meta fala em expandir. O compromisso que o Brasil assumiu em Dakar é o compromisso escrito nos termos daquela declaração. O dado é claro. E porque dizem que não cumprimos? O fato de aceitarmos que temos que melhorar não significa que não caminhamos e que não cumprimos o que acertamos", diz Soares.
A visão favorável no quadro brasileiro, sob o prisma do Inep, também se estende para a questão do analfabetismo. Entre pessoas de 15 a 19 anos, há 1% de analfabetos. "Nós fechamos a torneira do analfabetismo, o Brasil não está produzindo analfabetos", diz. Porém, o presidente reconhece que na faixa das pessoas com 60 anos de idade, a realidade brasileira é outra. Soares também destaca o aumento no número de matrículas de jovens nos cursos de Educação profissional e tecnológica e no crescimento nos últimos anos do investimento em Educação. "Dizer que o Brasil não alcançou a meta é uma visão muito estreita da realidade", acredita Soares.
Veja abaixo quais são as seis metas estabelecidas e uma amostra dos resultados globais do Relatório: 

Agenda pós-2015

Novas metas já estão sendo discutidas e definidas desde o maio do ano passado, quando foi elaborado o Acordo de Mascate. O documento estabelece um objetivo e metas para a agenda da Educação pós-2015, que deverão ser levadas para o Fórum Mundial de Educação, que ocorrerá em maio na Coreia do Sul.
Algumas das metas são as mesmas, como os cuidados na primeira infância, e outras são novas - caso da meta de financiamento. "Isso fez muita falta, porque para você alcançar as outras metas, o financiamento é fundamental", disse Maria Rebeca Otero Gomes, coordenadora do setor de Educação da Unesco Brasil, em seminário promovido pela Ação Educativa em 1º de abril. Atualmente, há um déficit de 129 bilhões de dólares na Educação mundial.

*Os termos lá e cá
Bom deixar claro que a Unesco adotou a Classificação Internacional de Educação (Internacional Standard Classification of Education - ISCED) ao se referir aos níveis educacionais.
Confira como a ISCED denomina cada um deles e os seus equivalentes no Brasil.

Denominação da ISCEDDeterminação da ISCEDEquivalência no Brasil
Educação pré-primáriaCriada para inserir as crianças na
escola com idade mínima de 3 anos
Educação Infantil
Faixa etária de 0 a 5 anos
Educação primáriaEducação básica sólida em
leitura, escrita e matemática
Ensino Fundamental I
Do 1º ao 5º ano
Ensino secundárioEquivale a duas etapas:
1) Primeiro nível
2) Segundo nível
Engloba duas etapas:
1) Ensino fundamental II
2) Ensino médio

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