Boletim da Educação
Semana Mundial do Brincar acontece de 24 a 30 de maio
Atividades gratuitas para as crianças acontecem em mais de 130 municípios brasileiros
Oficinas de ikebana, danças circulares, jogos de tabuleiros, ginástica recreativa, contação de história, feira de troca de brinquedos, campeonato de bolinha de gude, brincadeiras de roda, brincadeiras ao ar livre, brincadeiras com peão, brincadeiras com peteca, brincadeiras esportivas… Brincadeiras é o que não vai faltar entre os dias 24 e 30 de maio, em todo o Brasil (se quiser alguma dica, veja o nosso especial de Brincadeiras).
Essas atividades fazem parte da Semana Mundial do Brincar, iniciativa de mobilização promovida pela Aliança pela Infância em parceria com diversas outras organizações, em prol da importância do brincar. Só no estado de São Paulo, a previsão é de cerca de 80 pontos de brincadeiras.
Como funciona
Entre as atividades programadas, estão rodas de conversas, palestras, brincadeiras, oficinas, feira de troca de brinquedos e atividades lúdicas em espaços públicos ou privados. Elas estão espalhadas por todo o Brasil e são desenvolvidas pelos núcleos regionais da Aliança pela Infância, por organizações parceiras, voluntários ou órgãos públicos (prefeituras, secretarias municipais, bibliotecas públicas). As atividades são para todos os públicos, pais, filhos, avós, irmãos etc.
E o mais importante: as ações voltadas para as crianças são todas gratuitas. “Porque o nosso objetivo é democratizar essa brincadeira”, diz Giovana Barbosa de Souza, gestora institucional da Aliança Pela Infância.
O Educar para Crescer conversou com Giovana para saber mais sobre essa iniciativa:
Qual o objetivo da Semana Mundial do Brincar?
Giovana: Começamos a organizar essa iniciativa em 2009, pelo nosso compromisso de trabalhar a defesa da infância. Como o brincar é uma das ações mais importantes da infância, fazíamos essa iniciativa junto a um movimento internacional de celebrar o Dia Internacional do Brincar, que se comemora no dia 28 de maio. Quando essas atividades começaram a crescer, a serem feitas em núcleos separados, percebemos que estavam acontecendo não só no dia 28, mas também antes ou depois. E todas as atividades eram feitas por organizações comprometidas com a sociedade. Daí a ideia de promover a Semana Mundial do Brincar, agregando todas elas. O compromisso é fazer a criança brincar, que é uma atividade que tem um fim em si mesma para elas, mas que para nós é extremamente importante, porque tem a ver com a preservação da infância.
Nossa ideia é que a infância seja esse tempo em que a criança possa crescer e se desenvolver, tendo esse contato com a natureza, essa liberdade para que não viva a sua vida com encurtamento, ou seja, sofra uma “adultização” precoce.
Por que a escolha do tema “Para ter criatividade, resiliência e coragem é preciso brincar” para a edição de 2015?
Giovana: Como a Aliança pela Infância é um movimento mundial, fizemos uma consulta com outros países e constatamos que hoje em dia o que está faltando na infância é o estímulo à criatividade, à resiliência e à coragem. Isso porque não temos mais espaço para brincar, correr, mexer na terra. Temos uma sociedade muito violenta, que acaba por não dar espaço para que as crianças sejam respeitadas em suas delicadezas.
Vivemos dois extremos: de um lado, temos cuidados demais (as crianças não podem subir em árvores, correr nos corredores das escolas, são frequentemente inibidas). Com isso, elas vão ficando com medo e não vão experimentando coisas novas na vida. Quando vivemos em uma sociedade que tem medo, que não experimenta, estamos fadados ao desaparecimento. E no outro extremo estão os jogos de computador, de celular. As crianças imersas nesse mundo não tem interesse por compartilhar, por se exercitar e vão se afastando e sendo privadas do processo de socialização. Elas vão sendo estimuladas em uma só linha.
Ao brincar plenamente, livremente, toda a capacidade criativa da criança é estimulada. E a resiliência, a capacidade de cair, levantar e brincar de novo, também. Vemos muitas crianças que, se não conseguem algo de primeira, começam a chorar e não conseguem continuar. A resiliência é essa força que faz com que a gente vá para frente, mesmo sofrendo um trauma. Assim como a coragem.
Todos somos assim. Somos expostos para a vida e a vida expõe uma série de desafios. As crianças precisam saber lidar com esses obstáculos – e o brincar ensina isso a elas. Porque é durante essas atividades que a gente aprende: aprende a perdoar; a levantar, quando cai; a assimilar regras; a compreender o outro. (Leia mais sobre resiliência aqui)
Por que o brincar é tão importante?
Giovana: O brincar é uma das questões mais importantes da infância, então essa ação precisa desenvolver-se durante toda a infância – ou seja, desde a gestação até os 12 anos de idade.
Tivemos essa ideia da mobilização de uma semana, mas é preciso lembrar que as crianças devem brincar todos os dias. Por isso a campanha é para os adultos também, para que haja a conscientização dos adultos em torno da importância desse tempo de brincadeira para o desenvolvimento da criança. Muitos pais hoje têm ansiedade que os filhos aprendam a ler com três anos, por exemplo, e acabam trazendo para a vida da criança muitas atividades que fazem com que elas não tenham espaço para brincar. Há muita gente ainda com muitos preconceitos sobre o tema, até mesmo alguns professores. Essas pessoas acabam vendo o brincar como perda de tempo. Mas não: é um tempo no qual a criança está explorando o corpo, a imaginação e as relações, porque é no brincar que ela reproduz relações, explora possibilidades.
O brincar vai trazendo para nós esse lugar de aprendizagem e desenvolvimento. É por isso que a gente celebra a Semana Mundial do Brincar.