sexta-feira, 3 de março de 2017

O RECONHECIMENTO DE UM TRABALHO...MARAVILHOSO!!!


Professor que ganhou corredor de 
aplausos andava cinco quilômetros para 
ir à escola

O vídeo teve milhões de acessos, curtidas e compartilhamentos e você 
provavelmente viu. O professor paulista Luiz Antônio Jarcovis foi surpreendido no 
seu último dia de aula antes da aposentadoria, com um longo corredor de aplausos dos 
seus alunos e colegas. Tímido, sem perfil nas redes sociais e nem celular, o professor 
falou pela primeira vez sobre o caso.

Da Redação com Informações da BBC


 Professor

O vídeo teve milhões de acessos, curtidas e compartilhamentos e você
provavelmente viu (Assista abaixo). O professor paulista Luiz Antônio Jarcovis, de
 64 anos, foi surpreendido no seu último dia de aula antes da aposentadoria, na Escola 
Estadual  Almirante Custódio José de Mello, no bairro de Vila Granada, na zona leste 
de São Paulo, com um longo corredor de aplausos dos seus alunos e colegas. Jarcovis era 
professor do colégio desde 2006.



O professor, no entanto, caminhou quilômetros até chegar a esse dia em que recebeu
 homenagem que nunca poderia imaginar. Ele embarga a sua voz mansa se lembra
dos cinco quilômetros que percorria a pé todos os dias com o pai, agricultor “quase 
analfabeto”, até a escola.
“Meu pai e minha mãe eram agricultores e não tinham instrução. Eram praticamente 
analfabetos. Devo muito a eles”, diz, emocionado, por telefone à BBC Brasil. Nascido em
 São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, Jarcovis tornou-se técnico em eletrônica e 
depois professor de Ciências. Mas foi no magistério que Jarcovis ganhou reconhecimento.
“Foi muito emocionante. Sabia que eles gostavam de mim, mas nunca esperariaalgo do tipo. 
Deixou uma certeza de que eu fiz a minha parte. Sempre vou fazer a minha parte. É o que 
eu sempre falei para eles (alunos) em sala de aula: cada um tem
de fazer a sua parte”, conta.
“Sempre disse a meus alunos que seria como um pai para eles. E eles seriam meus filhos. 
Tudo o que eles precisassem, eu estaria à disposição”, acrescenta.
Para Jarcovis, ser professor “foi um sonho desde que criança” – um sonho, no entanto, que
 ele foi forçado a adiar porque teve de começar a trabalhar para ajudar financeiramente os 
pais (ele passou 22 anos trabalhando como técnico em eletrônica antes de ingressar no 
magistério).
“Tinha de ajudar minha família e precisei arranjar emprego. Aos 14 anos, já estava 
trabalhando de carteira assinada”, acrescenta.

Inspiração

Nessa trajetória rumo à sala de aula, outro professor lhe serviu de inspiração e deu
 o apoio – até mesmo financeiro – de que precisava para continuar.
“O nome dele era Edson Souto Ramos. Ele me incentivou demais. Quando estava fazendo
 o examede admissão para o antigo ginásio, ele pagou o meu curso e meu material didático. 
Me emprestou livros. Acabei me espelhando nele para me tornar professor”, acrescenta.
Tímido, sem celular ou perfis nas redes sociais, ele se surpreendeu com a repercussão do 
vídeo.
“E eu querendo me esconder de todo o jeito… é interessante como que isso ocorreu,
da gente querer se afastar de toda essa rede e acabar sendo fisgado por ela. Nunca
quis ter celular; acho muito desgastante e não me agrada”.

Desafios do magistério

Mas Jarcovis admite que nem sempre foi fácil ser professor. Às vezes, por causa da 
indisciplina dos alunos, pensou em desistir da profissão.
“Tive problemas em outras escolas. Casos de desrespeito ao professor. Alunos andando 
pela sala, saindo da sala sem permissão e, mesmo depois de serem repreendidos, reclamando. 
Mas ser professor foi a melhor coisa que eu fiz. Estou muito certo de que cumpri meu papel”,
 afirma.

Ele também menciona a desvalorização do magistério.

“Desvalorização é muito grande. A gente não vê nenhum projeto para minimizar essa 
questão. Os salários são muito baixos”.
“Além disso, há alunos que precisam de uma recuperação muito forte. Às vezes, sem saber
 nada”, completa.
Jarcovis diz ainda que viu uma mudança no perfil dos alunos e da família ao longo dos anos.
“A amizade entre aluno e professor tem ficado cada vez mais difícil. Já as famílias não 
acompanham mais o estudo dos filhos. A gente percebe que os pais não fazem nada por eles.
 É claro que não são todos. Tem muitos ainda que pegam no pé”.
Ele ressalva que, diante de tantas dificuldades, para ser professor, é preciso “ter amor pelo 
que faz”.

Futuro

Agora aposentado, Jarcovis pretende usar o tempo livre para dedicar-se a uma de suas outras
 paixões, a fotografia.
“Quero fazer um curso. Me aperfeiçoar”, diz.
Ele também planeja “fazer voluntariado para crianças e idosos” e “cuidar de aves”.
“Me faz lembrar do interior onde havia uma abundância de aves. Agora, quando aparece uma 
outra, a gente já fica feliz”, conclui.


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