Professor que ganhou
corredor de
aplausos andava cinco quilômetros para
ir à escola
O vídeo teve milhões de acessos, curtidas e
compartilhamentos e você
provavelmente viu. O professor paulista Luiz Antônio
Jarcovis foi surpreendido no
seu
último dia de aula antes da aposentadoria, com um longo corredor de aplausos
dos
seus alunos e colegas. Tímido, sem perfil nas redes sociais e nem celular,
o professor
falou pela primeira vez sobre o caso.
Da Redação com Informações da BBC
aplausos andava cinco quilômetros para
ir à escola
O vídeo teve milhões de acessos, curtidas e
compartilhamentos e você
provavelmente viu. O professor paulista Luiz Antônio Jarcovis foi surpreendido no
seu último dia de aula antes da aposentadoria, com um longo corredor de aplausos dos
seus alunos e colegas. Tímido, sem perfil nas redes sociais e nem celular, o professor
falou pela primeira vez sobre o caso.
provavelmente viu. O professor paulista Luiz Antônio Jarcovis foi surpreendido no
seu último dia de aula antes da aposentadoria, com um longo corredor de aplausos dos
seus alunos e colegas. Tímido, sem perfil nas redes sociais e nem celular, o professor
falou pela primeira vez sobre o caso.
Da Redação com Informações da BBC
O vídeo teve milhões de acessos, curtidas e
compartilhamentos e você
provavelmente viu (Assista abaixo). O professor
paulista Luiz Antônio Jarcovis, de
64 anos, foi
surpreendido no seu último dia de aula antes da aposentadoria, na Escola
Estadual Almirante Custódio José de Mello, no bairro de Vila Granada, na zona leste
de São Paulo, com um longo
corredor de aplausos dos seus alunos e colegas. Jarcovis era
professor do
colégio desde 2006.
O professor, no entanto, caminhou quilômetros até
chegar a esse dia em que recebeu
homenagem que nunca poderia imaginar. Ele
embarga a sua voz mansa se lembra
dos cinco quilômetros que percorria a pé todos os
dias com o pai, agricultor “quase
analfabeto”, até a escola.
“Meu pai e minha mãe eram agricultores e não tinham
instrução. Eram praticamente
analfabetos. Devo muito a eles”, diz, emocionado,
por telefone à BBC Brasil. Nascido em
São José do Rio Preto, no interior de
São Paulo, Jarcovis tornou-se técnico em eletrônica e
depois professor de
Ciências. Mas foi no magistério que Jarcovis ganhou reconhecimento.
“Foi muito emocionante. Sabia que eles gostavam de
mim, mas nunca esperariaalgo do tipo.
Deixou uma certeza de que eu fiz a
minha parte. Sempre vou fazer a minha parte. É o que
eu sempre falei para eles
(alunos) em sala de aula: cada um tem
de fazer a sua parte”, conta.
“Sempre disse a meus alunos que seria como um pai
para eles. E eles seriam meus filhos.
Tudo o que eles precisassem, eu estaria à
disposição”, acrescenta.
Para Jarcovis, ser professor “foi um sonho desde
que criança” – um sonho, no entanto, que
ele foi forçado a adiar porque teve de
começar a trabalhar para ajudar financeiramente os
pais (ele passou 22 anos
trabalhando como técnico em eletrônica antes de ingressar no
magistério).
“Tinha de ajudar minha família e precisei arranjar
emprego. Aos 14 anos, já estava
trabalhando de carteira assinada”, acrescenta.
Inspiração
Nessa trajetória rumo à sala de aula, outro
professor lhe serviu de inspiração e deu
o apoio –
até mesmo financeiro – de que precisava para continuar.
“O nome dele era Edson Souto Ramos. Ele me
incentivou demais. Quando estava fazendo
o examede admissão para o antigo
ginásio, ele pagou o meu curso e meu material didático.
Me emprestou livros.
Acabei me espelhando nele para me tornar professor”, acrescenta.
Tímido, sem celular ou perfis nas redes sociais,
ele se surpreendeu com a repercussão do
vídeo.
“E eu querendo me esconder de todo o jeito… é
interessante como que isso ocorreu,
da gente querer se afastar de toda essa rede e
acabar sendo fisgado por ela. Nunca
quis ter celular; acho muito desgastante e não me
agrada”.
Desafios do magistério
Mas Jarcovis admite que nem sempre foi fácil ser
professor. Às vezes, por causa da
indisciplina dos alunos, pensou em desistir
da profissão.
“Tive problemas em outras escolas. Casos de
desrespeito ao professor. Alunos andando
pela sala, saindo da sala sem
permissão e, mesmo depois de serem repreendidos, reclamando.
Mas ser professor
foi a melhor coisa que eu fiz. Estou muito certo de que cumpri meu papel”,
afirma.
Ele também menciona a desvalorização do magistério.
“Desvalorização é muito grande. A gente não vê
nenhum projeto para minimizar essa
questão. Os salários são muito baixos”.
“Além disso, há alunos que precisam de uma
recuperação muito forte. Às vezes, sem saber
nada”, completa.
Jarcovis diz ainda que viu uma mudança no perfil
dos alunos e da família ao longo dos anos.
“A amizade entre aluno e professor tem ficado cada
vez mais difícil. Já as famílias não
acompanham mais o estudo dos filhos. A
gente percebe que os pais não fazem nada por eles.
É claro que não são todos.
Tem muitos ainda que pegam no pé”.
Ele ressalva que, diante de tantas dificuldades,
para ser professor, é preciso “ter amor pelo
que faz”.
Futuro
Agora aposentado, Jarcovis pretende usar o tempo
livre para dedicar-se a uma de suas outras
paixões, a fotografia.
“Quero fazer um curso. Me aperfeiçoar”, diz.
Ele também planeja “fazer voluntariado para
crianças e idosos” e “cuidar de aves”.
“Me faz lembrar do interior onde havia uma
abundância de aves. Agora, quando aparece uma
outra, a gente já fica feliz”,
conclui.
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