quarta-feira, 11 de abril de 2018

APRENDIZAGEM NO BRINCAR



Como acontece o processo de aprendizagem no brincar?


Como acontece o processo de aprendizagem no brincar? Segundo Piaget, Vygotsky, Montessori, Froebel, Dewey.

Como acontece o processo de aprendizagem no brincar?

As várias experiências (Brincadeiras) que as crianças de 0 a 6 anos de idade vivenciam, são fundamentais na formação e na construção do caráter social e emocional das mesmas, além de ser de suma importância no fortalecimento de estímulos ligados as habilidades motoras, expressivas e as fases construtivistas, sócio construtivistas, cognitivistas e progressivas (Piaget, Vygotsky, Montessori, Froebel, Dewey). É mais que um fato, é cientificamente comprovado que o que se aprende nesta fase pode deixar marcas para o resto da vida, não só na criança mais em se tratando de socialização e convivência, podemos afirmar que a mesma terá responsabilidade no processo de transformação social, seja familiar, seja comunitário ou educacional.
Todos os teóricos educacionais, sejam da pedagogia ou de outras áreas como a psicologia, são unânimes em concordar que o processo de brincar é onde ocorre maior possibilidade de aprendizagem seja formal ou informal.
Piaget
De acordo com Piaget o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o nascimento, nem como simples registro de percepções e informações. O conhecimento é consequência das ações e das interações do sujeito com o objeto de conhecimento, seja do mundo físico ou da cultura. É uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, que se classificam em fases e que são necessárias para o desenvolvimento e aprendizado da criança.
Para a criança a brincadeira é uma forma de exercitar a sua imaginação, se relacionando de acordo com seu interesse e suas necessidades junto a realidade de um mundo que pouco conhecem. Através das brincadeiras a criança reflete, organiza, constrói, destrói, e reconstrói seu universo. A brincadeira mostra como a criança reflete, organiza, desorganiza, constrói e reconstrói o próprio mundo. Mesmo sem entender devemos respeitar, por que o brincar da criança é a sua linguagem secreta.
Para Piaget o jogo não é apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mais meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Através dos jogos a criança desenvolve sensório motor e o simbolismo, transforma o real em necessidades múltiplas do eu, assimila a realidade.
Vygotsky
Para Vygotsky O brincar, tão característico da infância, traz inúmeras vantagens para a constituição da criança, proporcionando a capacitação de uma série de experiências que irão contribuir para o desenvolvimento futuro da mesma. Vygotsky buscou compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da história da espécie humana, levando sempre em conta a individualidade de cada sujeito, o qual está imerso no meio cultural que o define. Para ele, o homem constitui-se enquanto ser social e necessita do outro para desenvolver-se. Vygotsky, ao longo de sua obra, discute aspectos da infância, destacando-se suas contribuições acerca do papel que o brinquedo desempenha, fazendo referência a sua capacidade de estruturar o funcionamento psíquico da criança.
Para Vygotsky, o brincar está intimamente ligado ao processo de aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem.
Segundo Vygostsky (1998), para entendermos o desenvolvimento da criança, é necessário levar em conta as necessidades dela e os incentivos que são eficazes para colocá-las em ação. O seu avanço está ligado a uma mudança nas motivações e incentivos, por exemplo: aquilo que é de interesse para um bebê não o é para uma criança um pouco maior. A criança satisfaz certas necessidades no brinquedo, mas essas necessidades vão evoluindo no decorrer do desenvolvimento. Assim, como as necessidades das crianças vão mudando, é fundamental conhecê-las para compreender a singularidade do brinquedo como uma forma de atividade
Conforme Vygotsky (1998, p. 126), “é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não pelo dos incentivos fornecidos pelos objetos externos”. A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação: “a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê” (VYGOTSKY, 1998, p. 127). No brincar, a criança consegue separar pensamento (significado de uma palavra) de objetos, e a ação surge das ideias, não das coisas. Por exemplo: um pedaço de madeira torna-se um boneco. Isso representa uma grande evolução na maturidade da criança.
Vygotsky propõem então que a criança se relaciona com o significado em questão, com a ideia, e não com o objeto concreto que está ao seu alcance. O brinquedo fornece, assim, uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e as suas ações com significados. Fator importante, como já discutido anteriormente, para o desenvolvimento da criança. Essa separação do significado do objeto se dá de maneira espontânea: a criança não percebe que atingiu esse desenvolvimento mental. Dessa forma, por meio do brinquedo, a criança começa a compreender a definição funcional de conceitos ou de objetos, e as palavras passam a se tornar parte de algo concreto. Vygotsky (1998) fala ainda que a criança experimenta a subordinação às regras ao renunciar a algo que deseja, e é essa renúncia de agir sob impulsos imediatos que mediará o alcance do prazer e das responsabilidades na brincadeira.
Friedrich Froebel (1782-1852)
Froebel ficou conhecido como o formador da criança pequena, viveu numa época de transição sobre a concepção da criança, e teve sua participação na área pedagógica quando abriu o seu primeiro jardim de infância, no qual dedicou sua vida a elaboração de métodos e equipamentos para tais instituições infantis. Preconizava a ideia de atividade e liberdade, inspirava-se no amor à criança e na natureza. Defendia o desenvolvimento da criança, como também as fases do crescimento, dizia que a infância é o período que a criança deve ser protegida pelos pais, pois ela é dependente (NICOLAU, 1987).
Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, na atividade lúdica, já que era o primeiro recurso no caminho da aprendizagem, não apenas para diversão, mas para um modo de criar representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo, também se preocupou em arquitetar recursos sistemáticos para as crianças se expressarem, tais como blocos de construção, papelão, papel, argila, serragem, entre outros materiais usados para estimular a aprendizagem dos pequeninos. “Assim, os jardins de infância frobelianos incluem jogos nos quais se permite às crianças uma livre exploração, oferecendo apenas o suporte material e jogos orientados nos quais há clara cobrança de conteúdos a adquirir” (KISCHIMOTO, 2007, p. 103).
Maria Montessori
Médica italiana, se tornou um dos principais nomes da história da educação moderna, se destacou pela criação da Casa dei Bambini ou casas de crianças. Seus ideais influenciaram o início da revolução educacional, que a partir de então começa a mudar a forma de tratamento e a compreensão das crianças pelos adultos e até o tipo de brinquedos que possuía em casa” (POLLARD, 1993, p.10).
Destacou-se por se dedicar a educação das crianças anormais, como também pelos seus materiais pedagógicos voltados para estimulação sensorial e intelectual.
Assim como Froebel, Montessori também acreditava na educação livre e natural da criança, de acordo com Pollard (1993) Montessori argumentava que as crianças sabiam mais do que ninguém como deviam ser ensinadas, e que a criança deveria ser estimulada a aprender ao ar livre.
O método montessoriano ficou conhecido e se espalhou no mundo todo, ela era convidada a ministrar palestras para formação de docentes. No seu país de origem esse método se tornou oficial nas escolas públicas, toda a Itália planejava suas escolas de acordo com essa técnica, Pollard (1993, p. 42) corrobora dizendo que “[…] Maria Montessori era cada vez mais convidada para dar palestras e abrir novas Casas das Crianças. Isso significava que mais gente treinada em seu método seria necessária para trabalhar.
Como mencionado, Montessori dedicou-se a educação das crianças deficientes, porém seu método se espalhou e foi trabalhado também com crianças normais, sua grande contribuição para educação infantil que se tem atualmente foi em relação à diversidade dos materiais pedagógicos e dos jogos educativos adequados à criança.
Os ideais desses educadores contribuíram para o movimento da escola nova na Europa, visto que foi um grande marco para educação dos pequeninos, em virtude de haver uma preocupação com a natureza psicológica da criança, como também com seu desenvolvimento. Na América o precursor desse movimento foi John Dewey, que concebia a infância como época de desenvolvimento e crescimento, que envolvesse o físico, o emocional e o intelectual.
J. Dewey (1978)
Para o pensador e filósofo norte-americano J. Dewey (1978), o mundo da criança é um mundo de interesses pessoais e de pessoas e não de leis e sistemas e brincar se constitui como um elemento essencial ao desenvolvimento saudável da criança. Através dele torna-se possível não só a sua interação com o meio em que se encontra inserida, como também a ativação do seu potencial criativo. O brincar pressupõe interação, bem como relação social, por isso, ele pode contribuir de modo significativo na formação de atitudes sociais durante o desenvolvimento infantil, tais como: respeito mútuo, solidariedade, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal. É brincando que a criança desenvolve habilidades e competências cognitivas, emocionais, intelectuais e motoras.
Dewey defendia a ideia de que as crianças fixavam melhor os ensinamentos quando realizavam tarefas associadas ao conteúdo que fora ensinado. Foi assim que as atividades manuais e criativas ganharam espaço no currículo escolar e os alunos foram estimulados a experimentar e desenvolver seus próprios pensamentos. Desta forma, a democracia e liberdade de expressão ganharam peso, por permitirem o maior desenvolvimento dos indivíduos. Ele considerava a ambos como instrumentos essenciais para a manutenção emocional e intelectual das crianças.
O filósofo também defendia a educação progressiva, na qual o objetivo é educar a criança como um todo, visando seu crescimento físico, emocional e intelectual.

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