Quais as diferenças entre as gerações X, Y e Z e como administrar os
conflitos?
Você já ouviu falar nas diferentes gerações que coabitam os ambientes de
trabalho? Já ouviu falar nas diferenças que cada uma carrega e nos atritos que
isso gera? Vamos ver nesse artigo tudo isso e como especialistas sugerem que
esses problemas sejam contornados.
Comparar gerações é muito difícil se pensarmos que antigamente as
gerações eram formadas a cada 25 anos, entretanto nos dias de hoje um quarto de
século é praticamente um século. As coisas, as relações familiares, de
trabalho, etc. mudam cada vez mais rápido. O que não ocorre, no entanto, é a
mudança, na mesma velocidade, da mentalidade dos colegas de trabalho.
Consoante a isso, especialistas apontam que as criações de novas classes
genealógicas estão surgindo a cada 10 anos. Estas novas classes implicam diretamente
na forma de como as novas pessoas agem e consomem produtos e serviços. Estes
reflexos impactam diretamente nas empresas, mas não só em vendas, a troca de
experiências no ambiente de trabalho entre as gerações, onde os mais velhos
apreendem com os mais novos (ou se recusam e geram conflito no escritório), o
gerenciamento de conflitos e resolução de problemas hoje é feito em períodos
cada vez menores, muito pelo fato dos jovens resolverem mais rapidamente e
sempre procurarem a forma mais fácil de ser feita.
Mas o que esperar para o futuro? Como as gerações vão continuar
coexistindo e como vão reagir às novas gerações que surgirão? Quais serão as
características que essas gerações irão trazer e quais os conflitos que irão vir
com elas?
O avanço tecnológico destas três gerações certamente não será o mesmo as
próximas que estão por vir. Com a tecnologia vivendo momentos de crescimento
exponencial, não podemos prever o que virá. Cientistas afirmam que em 2045 será
o ano em que as máquinas terão capacidades próprias, o que especialistas chamam
de “singularidade das máquinas”, onde as máquinas poderão fazer as coisas
sozinhas, muito melhor e mais rapidamente que qualquer outro ser humano.
Enfim, tentaremos nesse artigo mostrar as características de cada
geração, seus conflitos, como afetam o ambiente de trabalho e o que os gestores
estão praticando hoje em dia para amenizar estas rusgas.
Geração X
O termo Geração X – criado por Robert Capa, em 1950 – é
utilizado para rotular as pessoas nascidas após o chamado “Baby Boom” (década
de 20 ~ década de 40), que foi um aumento importante na taxa de natalidade dos
Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Essa geração inclui aqueles
que nasceram no início de 1960 até o final dos anos 70. Por vezes são incluídos
também os nascidos até 1982.
Nas palavras do escritor norte-americano John Ulrich, contemporâneo dos
Baby Boomers e da geração X, este último grupo sempre foi considerada como um
grupo de pessoas jovens, sem identidade aparente, que enfrentariam um mal
incerto, sem definição, um futuro hostil. Um futuro pós-guerra, um tempo de
incertezas e de guerra fria, de polarização entre o bem e o mal, entre Estados
Unidos da América e União Soviética.
Acontece que a geração X cresceu, passou pela fase hippie, teve ideais,
esqueceu-se dos mesmos e foi fazer carreira no mercado. Viu surgir computador
pessoal, a internet, o celular, a impressora, o e-mail, etc. e viu seu mundo
mudar muito. Grande parte da Geração X chegou aos 30, 40 anos e descobriu que
para juntar meio milhão e dar entrada, com sorte, num apartamento modesto que
irá pagar até seus 60 anos, o caminho é longo e o preço é alto, bem alto, às
vezes impagáveis. À sua volta os filhos crescem, os pais morrem, os sonhos
envelhecem e as férias exóticas para a Finlândia, Marrocos ou Jamaica nunca são
tiradas.
Hoje, é cada vez mais comum ver estes profissionais “Chutando o balde”,
pela internet, inclusive, há vários blogs e canais do YouTube de profissionais
até então bem-sucedidos, com cargos muito bem remunerados e carreiras
consolidados, de mais de 10 anos, em uma grande multinacional que largam tudo
para pintar quadros, estudar fotografia, gastronomia, etc. aquilo que os fazem
felizes.
Aqui neste
projeto você pode conferir várias histórias de pessoas que largaram tudo para
corre atrás dos sonhos, grade parte deles são integrantes da geração X, com
mais de 30 anos e às vezes, bem mais.
Geração
Y
Compreendendo aqueles que nasceram em fins dos anos 70 e início dos anos
90, a geração Y, representava, em 2012, cerca de 20% da população global,
segundo Afonso Borges, em seu livro “Social Target”.
Foi a geração que se desenvolveu em uma época de grandes avanços
tecnológicos e prosperidade econômica. As crianças da geração Y cresceram tendo
o que muitos de seus pais não tiveram, como TV a cabo, videogames,
computadores, vários tipos de jogos, e muito mais. Se a geração X viu nascer a
internet e a tecnologia, a geração Y já nasceu quando as mesmas estavam
plenamente desenvolvidas, cresceram e internalizaram as mesmas desde pequenos.
Segundo pesquisadores que estudam as gerações, a geração Y cresceu
rodeada de facilidades oferecidas por seus pais, que obviamente queriam dar uma
vida melhor do que aquela que tiveram, para seus filhos. Eles cresceram vivendo
em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Acostumados a
conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de
carreira e por isso lutam por salários ambiciosos desde cedo. É comum que os
jovens dessa geração troquem de emprego com frequência em busca de
oportunidades que ofereçam maiores desafios e crescimento profissional.
Para alguém da geração X, como seus pais, por exemplo, está ambição pode
ser considerada um ato que demonstra total desinteresse e incerteza no futuro.
Se você é da geração Y, cresceu num mundo digital e está, desde sempre,
familiarizado com dispositivos móveis e comunicação em tempo real, como tal,
pertence a um grupo de consumidores exigentes, informados e com peso na tomada
de decisões de compra. Você faz parte da primeira geração verdadeiramente
globalizada, que cresceu com a tecnologia e a usa desde a primeira infância.
A Internet é, para você, uma necessidade essencial – afinal,
responda-me: Quanto tempo consegue ficar sem ela sem sofrer com a abstinência?
– e com base no seu acesso facilitado, desenvolveu uma grande capacidade em
estabelecer e manter relações pessoais próximas, ainda que à distância. A
tecnologia e os dispositivos móveis permitiram a comunicação entre si como
nenhuma outra geração o tinha feito anteriormente, permitindo partilhar
experiências, trocar impressões, comparar, aconselhar e criar e divulgar
conteúdos, que são o fundamento das redes sociais. Preocupados com o meio
ambiente e as causas sociais, têm um ponto de vista diferente das
gerações anteriores, que viveram épocas de guerras e desemprego.
Jovens desta geração têm como hábito ser tão multitarefa quanto seu
smartphone, podendo, ao mesmo tempo trabalhar em mais de 1 projeto, responder
e-mails, acompanhar as notícias através de algum site, conversar com os colegas
de trabalho, conversar com os amigos online, ouvir música e dar atenção às
redes sociais. Agora imagine explicar isso àquele gestor jubilado da
repartição...
Geração
Z
Essa geração, que compreende os nascidos entre o fim de 1992 a 2010,
está ligada intimamente à expansão exponencial da internet e dos aparelhos
tecnológicos. As pessoas da Geração Z são conhecidas por serem “nativas
digitais”, estando muito familiarizadas com a World Wide Web, com o
compartilhamento de arquivos, com os smartphones, tablets, e o melhor de
tudo: Sempre conectadas.
Se pensarmos um pouco, vamos perceber que integrantes desta geração
nunca viram o mundo sem computador. Outra característica essencial dessa
geração é o conceito de mundo que possui, desapegado das fronteiras
geográficas. Para eles, a globalização não foi um valor adquirido no meio da
vida a um custo elevado. Aprenderam a conviver com ela já na infância. Como
informação não lhes falta, estão um passo à frente dos mais velhos,
concentrados em adaptar-se aos novos tempos.
Os maiores problemas dessa geração são relacionados à interação social.
Paradoxalmente, por estarem tão conectados virtualmente, muitos deles sofrem
com a falta de intimidade com a comunicação verbal, o que acaba por causar
diversos problemas com as outras gerações. Segundo alguns analistas, essa
Geração também é marcada pela ausência da capacidade de ser ouvinte.
A Geração Z é um tanto quanto desconfiada quando o assunto é carreira de
sucesso e estudos formais, a maioria já não acredita mais em fazer uma só coisa
para o resto da vida ou passar sua vida profissional inteira em uma só empresa.
Muitos da geração Z, inclusive, trabalham de casa, é o chamado Home Office,
seja em um emprego formal em uma empresa liberal ou informalmente, ganhando
dinheiro com blogs, mídia, venda de anúncios YouTube, publicidade, etc. Segundo
especialistas, poderá haver uma “escassez” de médicos e cientistas no mundo
pós-2020 justamente por isso.
Enfim, essa geração tem um grande problema, segundo as demais: É a
geração mais fechada de todas, onde cada um está sempre fechado em seu mundo e
isolado através de fones de ouvido (seja em ônibus, universidades, em casa, no
ambiente de trabalho...). São os que escutam pouco e falam menos ainda. Pelos
demais eles podem ser definidos como a geração que tende ao egocentrismo,
preocupando-se somente consigo mesmo na maioria das vezes. Para os mais antigos
pode parecer que houve uma mecanização do “pessoal do escritório”.
Problemas
Os principais conflitos pelos conflitos das gerações são motivados pelas
características tão diferentes entre si.
No ambiente de trabalho, por exemplo, é mais comum ter como gestor um
funcionário da geração X, com vários anos de empresa e que já incorporou
totalmente os valores e visão da mesma. Ele está no mesmo emprego desde que
saiu da faculdade e se um dia perder aquele trabalho, por qualquer motivo que
for, sentir-se-á sem rumo.
Este funcionário precisa gerir ao mesmo tempo seu analista (geração Y)
que chegou formado há pouco tempo, cheio de novidades, ideias, multiplataforma
e também o estagiário (geração Z), ainda na faculdade, introvertido, que só se
manifesta quando formalmente convidado para tal.
Como negar que vá haver conflitos nesse ambiente de trabalho? Ele é
inevitável. Em uma apresentação de ideias, talvez o gestor não vá entender
todas as tecnologias utilizadas pelos demais, talvez o uso do celular,
indispensável para a ocasião, não seja bem visto por ele. Para os demais, mais
novos, por muitas vezes uma reunião física é perda de tempo, contraproducente
em tempos de Skype e videoconferências.
O surto de criatividade das gerações mais recentes, embora sempre
produtivo e enriquecedor poderá ocasionar perda de produtividade se não focado,
bem como, as ideias do gestor, por melhores que sejam, podem não ser bem
aproveitadas, ou aproveitadas ao máximo, se ele ignorar que há uma tecnologia
que facilita o que ele está propondo e se recusar a conhece-la.
Agora imagina outra situação: Sua empresa é liberal e aposta em novos
talentos. Por causa disto contratou u, novo gerente de repartição de 25 anos, recém-formado
e cheio de novas ideias. Bom, entre os novos comandados deste gerente estão,
entre outros, aquele “exemplar” da geração X que tem de empresa mais tempo que
o seu novo chefe tem de idade. Como fazer ele aceitar as novas ordens? Como
fazer se adaptar às novas ideias que chegam com ele? As novas tecnologias,
etc.?
E aí? Como resolver? Afinal o panorama só tende a piorar, as pessoas se
aposentam mais tarde, os jovens ingressam mais cedo e o mundo muda cada vez
mais rápido.
Solução
Bom, a tarefa não é fácil, mas segundo especialistas em RH, coachs e
demais profissionais que estudam o fenômeno há solução. Abaixo reproduzimos
algumas das dicas que Bob Weinstein, da Troy Media dá aos gestores que precisam
lidar diariamente com conflitos no escritório:
Entender os diferentes estilos de trabalho: A geração X
não gosta de ser gerenciada nos mínimos detalhes, enquanto a geração
Y preza por instruções específicas para realizar tarefas. Vale lembrar que,
ainda que os mais antigos não apreciem ser monitorados, gostam de saber do
processo, entender como tudo é realizado e fazer parte. A geração Y
visa mais a estrutura e o resultado final do processo, mas quer tomar suas
próprias decisões e fazer conforme entendem ser melhor para o processo. No
caminho gostam de receber feedback. Segundo os consultores, portanto, os mais
velhos desejam saber o “como”, enquanto os jovens querem saber o “porquê”.
Leve em conta os valores: Cada geração protege seus
valores e os conflitos em decorrência disto podem ser uma ameaça a eles. A
geração X, por exemplo, ainda no pensamento anti-guerra dos anos
70, valoriza, e muito, o espírito de equipe, cooperação e comprometimento,
enquanto a geração Y prefere tomar uma decisão unilateral e agir, de
forma isolada. Já a geração Z valoriza equipes abertas e honestas, que
colaborem juntas – e gosta de ter muitas opções para escolher entre elas.
Compartilhe percepções: Quando funcionários de duas ou
mais gerações estão envolvidos em um conflito no ambiente de trabalho, eles
podem estabelecer um bom diálogo compartilhando suas opiniões. Os mais velhos
podem sentir a falta de formalidade e o jeito, talvez, ofensivo dos Z, enquanto
os jovens podem se sentir desrespeitados se os X não valorizam suas percepções
e insights. É válido ter grupos distintos criando quadros com pontos de vista
que mais valorizam. Funciona como um lembrete visual a todos e mostra, de
maneira clara, a diferença entre as gerações, além de ser uma atividade
divertida que não julga se são errados ou certos os valores de cada pessoa,
apenas respeitando-os.
Valorize o melhor de cada geração: Você não pode mudar as
experiências de vida das pessoas, mas pode trabalhar para que as atitudes no
ambiente de trabalho e as expectativas delas sejam as melhores possíveis. Um X
conhecedor do mercado, que é frustrado pela falta de experiência demonstrada
por um Z pode, por meio de sua autoestima e bom senso, se tornar um mentor.
“Pelo que tenho visto em minha experiência, relata, se você quer resolver
problemas com uma solução criativa, vá em direção aos jovens. Estudos mostram
que as pessoas imersas na tecnologia digital são 10% melhores na resolução de
problemas do que seus parceiros mais velhos. Não acredite que as decisões e
soluções possam vir apenas dos mais experientes. Os Y são a geração mais
criativa que temos visto nos últimos tempos. Utilize as habilidades de cada
geração da melhor forma possível! ”
Busque pontos em comum: A geração Y tende a valorizar
segurança e estabilidade mesmo que precisem mudar constantemente de emprego, já
os X são mais resistentes a mudanças, mas ambos atribuem importância a
treinamento e desenvolvimento. Tanto Y como Z depositam um grande valor na
flexibilidade do ambiente de trabalho, além de prezarem o balanço entre vida
pessoal e profissional. Os X e os Y se sentem mais confortáveis com a
diversidade e estilos de vida alternativos. Descubra os pontos em comum e
também as diferenças entre as gerações. Ajude-os a perceber, em equipe, como
eles podem utilizar suas forças em conjunto. Traga até eles a consciência sobre
o ciclo de gerações para que descubram onde se encaixam.
Aprenda com os demais: Cada geração possui lições
valiosas para ensinar umas às outras. Os X têm a sabedoria, o conhecimento e os
“truques” de que os jovens precisam. A geração Y é conhecida por sua lealdade e
habilidade de mediação. Já a geração Z está mais antenada ao ambiente de
trabalho do futuro, ao marketing e às tendências de mercado.
Abaixo segue o depoimento de Nicolas Muller, conhecido como boss
supremo pelos corredores do prédio, e criador do Oficina da Net e fruto da
geração Y:
Meu depoimento sobre a minha geração:
Esta é a classe genealógica que eu
pertenço, são as pessoas nascidas após 1980 até meados da década de 1990. Minha
infância foi de brincar na rua, tive videogame desde meus 5 anos de idade, um
Atari, lindo. Passava muito tempo sobre minha bicicleta, meus anseios eram por
terminar a aula de manhã e poder ir pela pacata cidade em que morava no
interior do Rio Grande do Sul.
Não gostava muito de estudar, ainda não
gosto, aliás estudo só o que me convém, minha memória é muito volátil,
dificilmente conseguiria assimilar tudo da escola e das coisas que mais gosto
de fazer/trabalhar. Não sou um “nativo digital” igual a geração Z, aqui
no Brasil, vi tudo acontecer, por volta do ano 2000 tive meu primeiro contato
com o tão famoso computador, o MS-DOS ainda corre em meus neurônios. Aprendi
muito sobre a mais famosa, a INTERNET, hoje vivo disto e para isto. Meu jeito
de consumir é primeiro pesquisar para depois comprar, o que meus pais, da
geração X faziam de forma “primitiva”, indo de loja em loja, ouvindo a opinião
única dos vendedores.
Sou empreendedor, mas ainda tenho
resquícios quando preciso arriscar, isto muito se deve ao fato de estar em uma
geração mediana, onde a geração X, preferia ficar estável ao tentar arriscar, e
a geração Z que prefere arriscar do que estagnar".