Spinner na mão, aluno sem atenção: brinquedo invade
salas de aula e preocupa professores
Inventado na década de 1990 com a proposta de aumentar a concentração, o
hand spinner, que é um brinquedo que gira constantemente na ponta dos dedos do
usuário, saiu do meio terapêutico, caiu nas graças de crianças e adolescentes,
mas tem incomodado professores em BH.
Na última quarta-feira (21), o colégio particular Maple Bear, no bairro
Santa Lúcia, proibiu que o brinquedo fosse levado para a escola. Orientadora do
ensino fundamental, a pedagoga Marcela Carvalho afirma que a decisão foi tomada
já que o objeto começou a atrapalhar a atenção dos alunos.
“Eles estavam trazendo mais do que um, com novos tipos, que acendem a
luz, sendo utilizados de forma não terapêutica e atrapalhando a concentração”,
observa, destacando que a resolução foi tomada em conjunto com os alunos.
Conforme a pedagoga, os spinners não foram totalmente banidos da escola,
já que são utilizados por estudantes, na sala da coordenação, sob a supervisão
de um profissional. São brinquedos que, assim como bolinhas e almofadas,
auxiliam alunos que não conseguem ficar com as mãos quietas.
No início deste mês, o colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, também
teria proibido que os alunos entrassem na escola com o brinquedo.
Nas lojas do Centro de Belo
Horizonte, e em papelarias ou bancas de revistas é possível encontrar o
brinquedo, normalmente ao preço de R$ 35. Na internet há centenas de tutoriais
ensinando a produzir spinner com diversos tipos de materiais
Escondido
Na porta dos colégios, os estudantes exibem os spinners e alguns
reconhecem que utilizam o brinquedo durante as aulas, apesar de os professores
não permitirem.
“Eu estou sempre com o meu, e às vezes brinco durante a aula, mas se a
professora vê, ela toma”, conta Tiago*, de 10 anos, aluno de uma escola pública
na região hospitalar de BH.
Já Miguel*, de 14, estuda no 9º ano em um colégio particular no bairro
Santa Efigênia, e afirma há uma certa tolerância com o uso do brinquedo. “Aqui,
o pessoal brinca mesmo é no recreio. Mas tem gente que durante a aula pega e
fica rodando. Uns professores permitem, outros não”, revela.
Aluno do 7º ano de uma escola particular na mesma região, Joaquim*, 12
anos, diz que todos os colegas têm um desses. “Um deles tem até bluetooth e
toca música”, afirma.
Regimentos
A Secretaria Municipal de Educação (SMED) informou, por meio de nota,
que não há nenhuma orientação às escolas em relação ao hand spinner.
“Até o momento, esse tema não foi levantado por nenhuma escola da Rede
Municipal de Educação. Vale ressaltar que as escolas municipais de Belo
Horizonte possuem regimentos próprios, definidos junto com suas comunidades,
que apontam o que é permitido ou não no ambiente escolar”.
Já a Secretaria de Estado de Educação comunicou que não houve nenhuma
procura por parte dos supervisores e responsáveis pelas escolas para que fosse
tomada alguma medida integrada em relação aos spinners.
O Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG) informou que não
interfere nos regulamentos internos dos colégios.
Segurança
No começo desta semana, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro) publicou nota advertindo com relação à venda e ao uso dos
spinners, e estabeleceu a faixa etária adequada.
“Esse tipo de produto é entendido pelo Instituto como brinquedo, e, por
isso, só pode ser comercializado com o selo de identificação da conformidade.
Responsáveis devem observar a indicação da faixa etária. O hand spinner é
contraindicado para crianças com idade inferior a 6 anos (caso já tenham sido
adquiridos, recomenda-se a suspensão do acesso ao brinquedo). Para as mais
velhas, o uso deve estar sujeito à supervisão por um adulto”, informa a nota.
O Inmetro alertou ainda para possíveis riscos relacionados ao
engasgamento com a ingestão de partes pequenas, em especial, dos rolamentos.
“Nos modelos que são movidos a motor, a preocupação é ainda maior, com o risco
adicional de ingestão das baterias botão”.
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