Especialista orienta a evitar celulares para crianças: ‘Ideal é a partir dos 12’
Psicopedagoga de Itapetininga fala sobre problemas do uso em excesso.
Pontos positivos e negativo do celular são debatidos por professores e pais.
Cada vez mais cedo as crianças começam a mexer em smartphones ou tablets para lazer. Uma pesquisa aponta que 24% das crianças entrevistadas têm celular com 9 anos de idade, 16% aos 6 anos e 7% aos 5 anos. O estudo é do Centro de Estudos Sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic). A psicopedagoga Mariana de Campos Fonseca da Silva, de Itapetininga (SP), alerta os pais que o uso em excesso e cedo dos celulares podem trazer diversos problemas, e recomenda a partir dos 12 anos:
“Nossa preocupação quando educador é com a faixa etária que as crianças começam. De acordo com pesquisas americanas, e alguns congressos, o ideal seria a partir dos 12 anos, para que não haja nenhum dano cerebral. Os danos seriam falta de concentração, tensão, alterações de memória. Mas acho que muito radicalismo não adianta, então tem que ter o bom senso de permitir em alguns momentos. Mas ele excessivamente é uma perda”, diz Mariana.
O assunto gera divisão em quem é contra o uso precoce do aparelho e de quem ache positivo. O aposentado Vanderlei Martins Silva, por exemplo, não vê problemas pelo neto Nicolas, de apenas 2 anos, já saber mexer no celular melhor que ele. “Fui ver no celular e tinha umas 20 fotos tiradas pelo Nicolas. Ninguém ensinou ou mostrou como faz. Ele mesmo liga, mexe e aprende”, diz.
Os mais novos pertencem a chamada geração dos "nativos digitais". Mariana volta a comentar sobre os riscos excessivos. Além da parte mental, o lado social também pode ser afetado. “Há muitas perdas, por isso recomendo não dar o celular. Porque obriga a criança a criar estratégias para se divertir: se ele não tem o celular, terá que brincar ou fazer alguma coisa”, orienta.
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Mas enquanto eles não chegam à escola, crianças do ensino fundamental ainda aprendem a hora certa de usar os smartphones. Uma ferramenta que pra eles é fundamental. “Dá para jogar jogos, mandar mensagens, ligar para as pessoas. Acho que não dá para viver sem celular”, conta Letícia Nogueira, de 9 anos.
Uma escola de Itapetininga até permite que os próprios alunos façam pesquisas na web para tirarem dúvidas sobre o que é ensinado em aula. A facilidade de pesquisar é apontada pela psicopedagoga Mariana como um benefício:
“Antigamente era na base das enciclopédias, que também é bom, mas não é muito atrativo. Mas se não for algo direcionado, o celular em sala de aula traz muito problemas. Por que o que é mais gostoso? Prestar atenção no professor ou brincar no celular, que é muito mais divertido. A concentração, lógico, fica em outro ponto.”
Outra pesquisa sobre o tema, dessa vez da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revelou que 58,7% de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos nas regiões sul e sudeste têm celular.
A estudante Lara Trindade, de 15 anos, quase se encaixa no perfil da pesquisa. No começo da adolescência costumava usar o computador, porém atualmente o aparelho já não tem mais necessidade para ela. “Dá para fazer pesquisas de vez em quando, mas uso mais para bater papo (risos)”, diz.
Por se tratar de uma adolescente, a mãe de Lara, a professora Solange Trindade, diz que se preocupa em controlar também o conteúdo do que a filha tem acesso. “Tem que controlar, e quando passa do limite eu corto”, afirma.
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