JORNAL NACIONAL
Edição do dia 10/11/2017
10/11/2017 21h23 - Atualizado em 10/11/2017 21h23
Desempenho dos alunos do 6º ao 9º ano da rede pública é abaixo da meta
‘Fracasso escolar começa no Fundamental 2', afirma pedagoga.
Série do JN que retrata a educação básica tem também exemplos positivos.
Na série de reportagens sobre o ensino básico na rede pública, o Jornal Nacional mostra, nesta sexta-feira (10), um retrato do aprendizado dos alunos do 6º ao 9º anos. O desempenho é abaixo da meta, mas existem exemplos positivos também.
“Já são adolescentes e encontram uma escola que não fala a língua deles”, disse a diretora da Fundação SM Brasil, Pilar Lacerda
“Esse nó invisível do Fundamental 2 está fazendo com que a gente perca o jogo da educação”, declarou a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
“O fracasso escolar começa no Fundamental 2”, afirmou a pedagoga da Unesp e professora do Instituto Singularidades, Lúcia Couto.
O alerta se traduz em números. Os mesmos alunos que nos anos iniciais do Fundamental tiraram notas acima da meta do Ideb, agora, mais velhos, tiveram queda no rendimento e não cumpriram a meta.
“Você ganha um outro professor, que é um especialista que vem das licenciaturas e que tem uma outra natureza formativa. Eles estão muito mais voltados para a área de conhecimento deles do que para as práticas pedagógicas”, disse a pedagoga Lúcia Couto.
Tem ainda um outro problema: a gestão, que é do município, no Fundamental 1, é substituída pela parceria que nem sempre funciona com o estado.
“É preciso que a gente comece a discutir mais profundamente essa organização do Fundamental 2 e sobre qual esfera administrativa ele vai ficar”, disse Pilar Lacerda.
Em Novo Horizonte, no interior paulista, o município assumiu a tarefa de cuidar da maior parte do Fundamental 2, com uma rede escolar enxuta e eficiente.
Secretário de Educação há 17 anos, o professor de matemática Paulo Magri comanda a força-tarefa que prepara as provas semanais. O que define o conteúdo são as maiores dificuldades dos alunos naquele período.
“Esse nó invisível do Fundamental 2 está fazendo com que a gente perca o jogo da educação”, declarou a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
“O fracasso escolar começa no Fundamental 2”, afirmou a pedagoga da Unesp e professora do Instituto Singularidades, Lúcia Couto.
O alerta se traduz em números. Os mesmos alunos que nos anos iniciais do Fundamental tiraram notas acima da meta do Ideb, agora, mais velhos, tiveram queda no rendimento e não cumpriram a meta.
“Você ganha um outro professor, que é um especialista que vem das licenciaturas e que tem uma outra natureza formativa. Eles estão muito mais voltados para a área de conhecimento deles do que para as práticas pedagógicas”, disse a pedagoga Lúcia Couto.
Tem ainda um outro problema: a gestão, que é do município, no Fundamental 1, é substituída pela parceria que nem sempre funciona com o estado.
“É preciso que a gente comece a discutir mais profundamente essa organização do Fundamental 2 e sobre qual esfera administrativa ele vai ficar”, disse Pilar Lacerda.
Em Novo Horizonte, no interior paulista, o município assumiu a tarefa de cuidar da maior parte do Fundamental 2, com uma rede escolar enxuta e eficiente.
Secretário de Educação há 17 anos, o professor de matemática Paulo Magri comanda a força-tarefa que prepara as provas semanais. O que define o conteúdo são as maiores dificuldades dos alunos naquele período.
“Sexta-feira é dia de avaliação. Se o aluno não dominou aquele conteúdo, ele vai voltar aquele conteúdo”, explicou o secretário.
Na casa do Álvaro e da Michele, os três filhos capricham no estudo.
Na casa do Álvaro e da Michele, os três filhos capricham no estudo.
“É normal já, entrou na rotina fazer prova”, contou a filha do casal.
Somando todas as escolas, são 15 mil provas aplicadas por semana. Esforço recompensado por uma média invejável de 6,7 no Ideb, maior que a do estado de São Paulo e que a do país. A nota bate até a média nacional das escolas particulares.
“O estudo que eles têm hoje é estudo de escola particular e a gente não teria essa condição de estar dando para eles essa educação”, contou o pai de alunos Álvaro César Sampaio.
Muitos pais escolheram a escola pública para os filhos também em outras regiões do país. O Jornal Nacional sai de Novo Horizonte, em São Paulo, para ver o que o repórter Alessandro Torres encontrou em Brejo Santo, no Ceará.
A aluna Vitória nunca tinha estudado em escola pública. "Eu vi que a escola pública tinha o mesmo potencial que, até mesmo, a particular”, disse a mãe da Vitória, Maria do Socorro Rodrigues.
Na verdade, as escolas municipais de Brejo Santo superaram a média nacional do Ideb das escolas particulares, tanto no Ensino Fundamental 2, quanto no Fundamental 1.
Uma escola, por exemplo, estava entre as piores do Ceará há oito anos e, agora, tem um dos melhores índices do país. A mudança começou pela rigidez nos horários. “Hoje nós temos aula como sagrado. São quatro horas, então, são quatro horas", contou uma mulher.
O ensino ficou mais divertido e os alunos, nos primeiros anos, se encantam com números e letras. Depois, contam com escolas exclusivas para o ensino do sexto ano até o nono. Os professores também se reúnem toda semana para alinhar o conteúdo que vai ser ensinado.
Em uma sala de aula com 30, 35 alunos, por mais que o professor se esforce, fica difícil acompanhar o desempenho de cada um deles. Por isso, todas as escolas municipais de Brejo Santo têm pelo menos um espaço: a sala do reforço, fora do horário normal de aula, onde os alunos com dificuldade nas disciplinas recebem uma atenção especial do professor e a oportunidade de alcançar o rendimento do resto da turma.
A aluna Daniele estava com dificuldade em matemática.
“O estudo que eles têm hoje é estudo de escola particular e a gente não teria essa condição de estar dando para eles essa educação”, contou o pai de alunos Álvaro César Sampaio.
Muitos pais escolheram a escola pública para os filhos também em outras regiões do país. O Jornal Nacional sai de Novo Horizonte, em São Paulo, para ver o que o repórter Alessandro Torres encontrou em Brejo Santo, no Ceará.
A aluna Vitória nunca tinha estudado em escola pública. "Eu vi que a escola pública tinha o mesmo potencial que, até mesmo, a particular”, disse a mãe da Vitória, Maria do Socorro Rodrigues.
Na verdade, as escolas municipais de Brejo Santo superaram a média nacional do Ideb das escolas particulares, tanto no Ensino Fundamental 2, quanto no Fundamental 1.
Uma escola, por exemplo, estava entre as piores do Ceará há oito anos e, agora, tem um dos melhores índices do país. A mudança começou pela rigidez nos horários. “Hoje nós temos aula como sagrado. São quatro horas, então, são quatro horas", contou uma mulher.
O ensino ficou mais divertido e os alunos, nos primeiros anos, se encantam com números e letras. Depois, contam com escolas exclusivas para o ensino do sexto ano até o nono. Os professores também se reúnem toda semana para alinhar o conteúdo que vai ser ensinado.
Em uma sala de aula com 30, 35 alunos, por mais que o professor se esforce, fica difícil acompanhar o desempenho de cada um deles. Por isso, todas as escolas municipais de Brejo Santo têm pelo menos um espaço: a sala do reforço, fora do horário normal de aula, onde os alunos com dificuldade nas disciplinas recebem uma atenção especial do professor e a oportunidade de alcançar o rendimento do resto da turma.
A aluna Daniele estava com dificuldade em matemática.
"Quando a gente investe na gente, a gente não perde tempo, a gente só ganha", disse.
Para que nenhum aluno fique para trás no aprendizado, quem ensina também não pode ficar. Essa é uma preocupação nas escolas municipais de Novo Horizonte. Por isso, os professores passam por avaliações o tempo todo e da forma mais direta possível, no meio da aula e sem hora marcada. Ou seja, os avaliadores chegam sem pedir licença e acompanham o trabalho na sala.
“Essas blitz têm muito mais o sentido, o objetivo de orientar e de formar o professor”, explicou a especialista.
Os professores, que trabalham em tempo integral, aprovam a iniciativa.
Para que nenhum aluno fique para trás no aprendizado, quem ensina também não pode ficar. Essa é uma preocupação nas escolas municipais de Novo Horizonte. Por isso, os professores passam por avaliações o tempo todo e da forma mais direta possível, no meio da aula e sem hora marcada. Ou seja, os avaliadores chegam sem pedir licença e acompanham o trabalho na sala.
“Essas blitz têm muito mais o sentido, o objetivo de orientar e de formar o professor”, explicou a especialista.
Os professores, que trabalham em tempo integral, aprovam a iniciativa.
“A partir do momento que eu tenho uma crítica construtiva, eu só tenho a ganhar com isso”, disse uma professora.
Um ambiente tão arejado, típico do interior do Brasil. Parece até que algumas salas são um pouco mais apertadas, mas a gente vai ver, no caso da sala de ciências, isso é só impressão. O espaço tradicional do quadro negro até ficou menor, depois de uma reforma que houve lá. Mas os alunos só ganharam com isso, porque, agora, teoria e prática ocupam o mesmo espaço.
Um ambiente tão arejado, típico do interior do Brasil. Parece até que algumas salas são um pouco mais apertadas, mas a gente vai ver, no caso da sala de ciências, isso é só impressão. O espaço tradicional do quadro negro até ficou menor, depois de uma reforma que houve lá. Mas os alunos só ganharam com isso, porque, agora, teoria e prática ocupam o mesmo espaço.
“A gente consegue trazer para o concreto aquilo que eles teriam só na imaginação na sala de aula”, disse a professora de ciências Mariana Andrade.
“A gente, lá no quadro, a gente vai aprender teoricamente e aqui a gente vai montar essas experiências para gente comprovar realmente”, disse Ayla da Silva Sousa, de 12 anos.
Estudar matemática também ficou mais fácil com o treino extra oferecido pelo professor.
“Eu até brinco com eles que falo que matemática não é um dragão de sete cabeças, é um de 12, mas colorido. É só querer aprender que todo mundo tem jeito”, afirmou o professor.
“A gente, lá no quadro, a gente vai aprender teoricamente e aqui a gente vai montar essas experiências para gente comprovar realmente”, disse Ayla da Silva Sousa, de 12 anos.
Estudar matemática também ficou mais fácil com o treino extra oferecido pelo professor.
“Eu até brinco com eles que falo que matemática não é um dragão de sete cabeças, é um de 12, mas colorido. É só querer aprender que todo mundo tem jeito”, afirmou o professor.
“Todas as políticas dependem de professores bem formados e com condições de trabalho para poder garantir que todos os seus alunos aprendam”, explicou a presidente executiva do Todos pela Educação.
“Quando as contas são bem difíceis e eu acerto, eu até comemoro”, disse João Lucas Portela, de 12 anos.
“Quando as contas são bem difíceis e eu acerto, eu até comemoro”, disse João Lucas Portela, de 12 anos.
O Ministério da Educação declarou que, por causa dos resultados ruins do Ideb, começou a dar prioridade ao Ensino Fundamental, embora tenha papel suplementar nessa etapa, que é gerida por estados e municípios.
Segundo o ministério, nove milhões de alunos passaram a estudar em tempo integral, em 2017, com foco em matemática e português.
A reportagem de sábado (11) é sobre o Ensino Médio.